segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Dando nó em ata!

Sábado, dia 15 de dezembro de 2007, fizemos ótima reunião. Valéria e eu lemos nossos contos sobre "aboio". Esse tema é lindo, e nos inspirou muito. Fiz uma releitura em prosa de "Vai, boiadeiro, que a noite já vem, leva o teu gado e vai pra junto do teu bem", que é cantado por Luiz Gonzaga. Eu não punha muita fé nesse texto. Só acreditei nele quando ouvi minha própria leitura, escutei minha própria entonação. Quem estava na reunião, me deu o prazer de um feed-back favorável. O texto de Valéria explorou a presença de palavras árabes na língua portuguesa. Foi bonita a sonoridade de certas palavras que Valéria usou no texto. Lindo texto.

Iniciada a reunião, umas pessoas esquisitas começaram a passar na porta da associação. Isso nos levou a trancar o cadeado do portão de entrada. Valéria disse que não tem mais medo de nada, mas eu e quem estava lá temos medo, sim.

Houve discussões em torno da presença árabe nos idiomas português e espanhol. Valéria enumerou uma porção de palavras que nos eram, até então, estranhas.

Falamos também sobre como é necessário que o artista seja verdadeiro naquilo que faz. Eu me lembrei de Luiz Gonzaga cantando "Boiadeiro". Quanta emoção, quanta verdade o véio botou na voz, nas modulações, no manejado da sanfona. Assim também devemos ser todos nós, no ato de escrever. É preciso que se ponha toda a verdade, quer dizer, é preciso que se acredite no que se está escrevendo. Somente a técnica não é suficiente, é preciso que o escritor se emocione e descarregue essa emoção no texto, com humildade. Assim, o leitor também acredita e se emociona.

Recado oara Andrézinho Dias: Não devemos ter excesso de auto crítica. Às vezes achamos que um texto não está legal, mas é preciso ter humildade para se expor, expor o texto, compartilhar. Acontece muito isso comigo. Às vezes chego ao clube levando textos sofríveis, a meu ver. Mas, muitas vezes quem me lê e me escuta é quem sabe e me diz se presta ou não.

Terminamos a reunião, a última do ano, sem propostas de tema. Em seguida, fomos para o anfiteatro da praça da Paz e assistimos a apresentação de três corais

Devemos retornar no começo de janeiro, no segundo sábado de janeiro.

Afinal, quais as pessoas que estavam na reunião? Quem adivinhar, ganha um livro de Mané Caixa Dágua como presente de Natal.

Boas festas de fim de ano a todos e todas.

Dôra

domingo, 4 de novembro de 2007

Ata da Praça

O Clube do Conto foi visto nas imediações da praça, com a reserva e a elegância dos que esperam Godot. Instalados num banquinho, com mais contato direto com o público passante, os integrantes, vindos das mais diversas partes da cidade, acenderam a tocha da teimosia e da persistência. Por respeito aos colegas que não puderam comparecer, foi mantido o tema duplo sumiço/invasão. Dôrinha, André 1 e André 2 (não necessariamente pela ordem) e Laudelino tiveram o gosto de ouvir dois contos sobre o tema: André (eu) leu sobre sumiço e Dôra sobre invasão. Depois da leitura, ainda falamos sobre filmes, sobre praças, sobre filmes com praças e sobre praças que exibem filmes. E evidentemente, dissemos cobras e lagartos dos ausentes, deixando-nos a mercê da nossa estapafúrdia fome por contos. Contentamo-nos com apenas dois, frugalmente divididos. Finito!
André

terça-feira, 30 de outubro de 2007

El ata (portunhol loco)

ATA DE 27 DE OUTUBRO DE 2007

El sábado pasado, una vez más, el club dio cuenta de la asistencia y las ausencias. Barreto, Dorinha y Valéria trouxeram objetos señalados a sus historias. Piedras lascadas y piedras pulidas. Cadeira rustica (hay un nombre, pero no recuerdo). El opaco, Ronaldo, ya que el autor no asistió por motivos ya han sido divulgados. La bonequita de Dôrinha, con canasta, de libros y algo más. Aún Raonix llegó con su jangada ... Naufragada en el olvido. Mariano leer el tema de la pantalla artista Veruschka guerra y Brendan narrou una saga más allá de la interesante. Claudio olvidado de la historia, pero que el periódico. André Ricardo II, un rapazito y nuevo integrante (no recuerdo el nombre, la gente, lo siento). Como siempre, otra reunión feliz, y eligió como sujetos señalan sumiço y la invasión. Y con los días están contados para el caldo de la cultura. Eso es cierto, pero la fe en todo.
André

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Vamos à ata!

ATA DA REUNIÃO DE 20 DE OUTUBRO DE 2007

Se não me falha a memória, sábado tivemos clube do conto. Dorinha, Valéria, Barreto, Ronaldo Monte, Mariano, André Ricardo II, Cláudio, Brendan, Raoni e a namorada. (Não esqueçam, memória não é meu forte e se alguém se sentir não-citado, desça o sarrafo)

Agora mais estabelecidos e nos acostumando com o novo ambiente, tivemos, no início, a visita de Assis (da Livraria que nos apoiou e cedeu o luminoso), onde merece nosso agradecimento e ainda nos brindou com a velha (embora nova) placa para colocarmos ali, em alguma parede da Associação.

Depois de alguns teretetês, iniciamos os contos. Poucos sobre fronteira, mas Dôrinha e Ronaldo deram serviço, Valéria leu (no estilo rádio nacional) o conto do Cláudio (risotas a parte) e Mariano mostrou conto sobre naufrágio e homoerotismo marinho velado (sorry, is a joke!). Será uma suprema desfeita se alguém leu algo mais e eu não me toquei... Eu mesmo caí na maldição do proponente, mas me lembro bem das palavras estranhas de Ronaldo que ora me fogem à lembrança.

Decidimos, depois de tentativas frustradas de jogar um tema na fogueira, pela idéia interessante de Raoni: escrever um conto sobre um determinado objeto e levá-los, o conto e o objeto (ou sua representação, caso não dê para o gasto) para o clube.

Ah, também recebemos convite de Lúcia Wanderley para um Caldinho Cultural dia 9 de novembro (é esta data?). No mais, a ata está aqui e perdoem o abuso de senilidade que ora me ataca. Adiós! E Besos!

André.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Ata de sábado passado (13 de outubro de 2007)

No começo, era eu sozinha, esperando entre ficar na calçada ou adentrar o recinto. Quando estava nesse dilema, vejo um carro se preparando para estacionar, alguém no carro me chamou. Quem seria? Abrem-se as portas do carro e... olhem quem chegou: Joana, Mariana e o namorado (desculpe, Joana, não sei o nome dele). Entramos, já estava quase escuro. Tateamos em busca de um interruptor de luz, procuramos, procuramos, até que enfim o namorado de Mariana achou. Graças! Acendemos as lâmpadas, tiramos cadeiras e banquinhos da mala do meu carro e arrumamos o cenário e os adereços. Para quem não sabe, já temos mesas e cadeiras nossas, as cadeiras compradas com o dinheiro daquelas atas, lembram? Esses apetrechos estão bem guardados na associação, trancados e amarrados com grossas correntes e cadeado. A propósito, quem doou as mesas? Levei uma garrafa de café já doce, bem forte, bem quente, e copos descartáveis. Enquanto isso, mais pessoas iam chegando. Valéria, André Ricardo 2, Mariano, André Ricardo 1 chegaram e o circulo em volta das mesas se coloria cada vez mais. Mas, antes que chegasse qualquer pessoa, Laudelino passou por lá com duas crianças suas sobrinhas. Conversou um bocadinho, mas teve que se ir por causa das crianças. Os contoclubistas estiveram muito barrulhentos, tagarelas, ainda agitados com o novo ambiente. Discutia-se sobre tudo, abobrinhas pequenas e grandes. Recuamos as mesas para ficarmos a salvo da friagem, ficamos lá num recantinho protegido da ventania. Já totalmente escuro, Gláucia Lima ligou para Joana dizendo que estava a caminho. Decidimos esperar por ela para podermos iniciar as demonstrações dos deveres de casa. A fornada de contos dessa vez foi excelente. Valéria propôs que organizemos antologias temáticas para serem editadas por uma editora chamada “Livro Rápido”. Claro que todo mundo concordou. Os naufrágios estiveram de primeira qualidade. Só não naufragou quem não quis. André Ricardo 1 afundou atrás de um monte de baleias, chegou a encalhar numa baleia enorme, a mais atraente delas. Bem, são detalhes que estão na minha lembrança. Outros detalhes devem ter me escapado, coisa muito natural. Não sei se citei todos os nomes que estiveram presentes. Se esqueci algum, também é coisa muito natural. Memória alguma é de ferro. Conversa vai, conversa vem, chegou-se à definição do próximo tema: “fronteira” (aqui pra nós, tema meio insosso). Esta ata é dedicada a todos e todas que não comparecem a pretexto de qualquer motivo. Dou pouca fé e assino.
Dôra

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Náufrago


Eu afundo com muita facilidade.

Não em grandes extensões marítimas. Não tem nada a ver com água, afogamento, estertor. Não na praia, nem no rio, nem no lago.

Eu afundo perto de mulheres. As que eu desejo. As que eu quero tocar. Não tenho rotas definidas, e minha bússola não é confiável. Em vez de mapa, tenho espinhas. E não sou capitão coisa nenhuma. Sou marinheiro de primeira viagem. Sou do subúrbio, a quem chamo de ilhas.

Adoro Moby Dick, mas não cheguei ao fim. Não é o mar, mas a calmaria que me assusta ali. Então largo o romance, experimento a terra firme, vou de arpão para as mulheres. Tem uma menina na rua, eu consegui chegar muito perto. Ela aceitou dividir um banco de praça. Não sei se por curiosidade, troça e tédio dos dias. Talvez uma mistura. Até dobrar a esquina e ir me aproximando da praça, senti a dureza do chão, tinha uma rota - era eu. Quando me aproximei, fui me apagando, o chão ficou movediço, pantanoso. Quando sentei no banco, passei a enjoar, não tinha o prumo das frases. É assim mesmo, pensei. Você divisa ao longe um peixe que parece pequeno, e que cabe na idéia do arpão. Você tem a obsessão de Ahab. Aos poucos, basta aproximar, a brancura violenta e os olhinhos náufragos te observando, e as sardas (esta baleiazinha tem suas sardas) te faz sentir indo na direção dela com o arpão mais te ferindo do que ameaçando a presa. E mal ando na lâmina do oceano, fingindo heroísmo, o pé vai afundando. Juro a mim mesmo: isto é um banco, um banco, um banco. Pensava, de cimento: mas é de areia. Quem escapa para o fundo é a baleia. Quem encalha de vez sou eu.
André Ricardo Aguiar, tema naufrágio

domingo, 14 de outubro de 2007

Resenha sobre os contos de Antônio Mariano


Imensa asa sobre o dia

Sandra Baldessin

Ouvi, certa vez, a afirmação que é mais fácil escrever um romance ou novela do que um conto. Concordo. Escrever um conto que consiga se apropriar das estruturas narrativas e, através delas, produzir um efeito singular no leitor não é tarefa fácil. E, observem, o termo ‘tarefa’, nesse caso, é muito pertinente.

Antonio Mariano, escritor paraibano, poeta consagrado, com seu Imensa asa sobre o dia, livro de contos que integra a Coleção Tamarindo, revela-se um excelente contista.

Imensa asa sobre o dia reúne 13 contos; os protagonistas de todas as histórias são nomeados Jailson, pelo autor. A paixão pela origem dos nomes me obriga a referir que, se Jah é o nome de Deus, as personagens de Mariano trazem o estigma de todos os filhos de Jah: a inexorabilidade da condição humana.

Particularmente, (já que sou viciada em Tchekhov – supremo mestre de todos os contistas - e em Cortazar, seu discípulo) observei que Mariano demonstrou, já nesse primeiro livro de contos, a característica principal de um contista com potencial para se destacar entre seus contemporâneos: seus contos possuem o delicioso caráter de jogo.

Essa função lúdica presente nos contos de Mariano se revela em toda sua expressividade no conto A construção do silêncio. O enigma doloroso da convivência humana surge no jogo de ‘gato e rato’ estabelecido entre o pai e o filho. O conto se dá justamente no momento em que as mentiras essenciais que sustentam essa delicada relação se tornam insuficientes, no instante limiar em que "é tarde para desistir", como a própria personagem observa.

Aliás, o sentido de compreensão tardia de coisas fundamentais para a sobrevivência das personagens permeia todas as histórias e esse fator contribui para ampliar a imagem de jogo presente nos contos. Em Seguindo Alice, sobretudo, a crueldade embutida no conceito de ‘tarde demais’ se cumpre plenamente.

Assistimos as personagens se movimentando no tabuleiro labiríntico que Mariano construiu especialmente para elas e tentamos adivinhar se atinarão com a saída. Ilusão vã que alimenta os filhos de Jah.

Desde as pequenas mazelas até os grandes crimes e insuportáveis alvoroços da alma e do corpo, tudo que é comum ao homem está presente nos Jailsons de Antonio Mariano.

Destaco, ainda, dois dos contos mais instigantes da coletânea: O poeta e O dia em que comemos Maria Dulce. Em O poeta Mariano recupera um desejo surrealista: a possibilidade de viver como poeta, de poetizar a vida, ainda que jamais tenhamos escrito qualquer verso. Um pacato e invisível funcionário público enlouquece (ou chega à razão suprema) e se declara, irreversivelmente, poeta. O conto, em sua aparente simplicidade, revela a condição marginal do poeta e da poesia na sociedade contemporânea.

O dia em que comemos Maria Dulce foge ao realismo presente em todos os outros contos. Mariano utiliza recursos do gênero fantástico-maravilhoso para nos conduzir numa viagem insólita ao reino da fome e das pulsões inimagináveis: "Podia sentir o mormaço do corpo dela... O hálito que era como o bafo de um bolo assando, uma porção de caramelo saindo pelas bordas do tacho, um pudim fumegante, um doce de leite dando o ponto. (...) Minha boca encheu-se d’água."

E mais não digo. Leiam o livro.


http://www.lucianopires.com.br/iscasbrasil/iscas/abre_isca.asp?cod=1419

terça-feira, 9 de outubro de 2007

confraternização em novo local de reunião

ATA DA REUNIÃO DO DIA 06 DE OUTUBRO

Expectativa no primeiro dia no novo espaço de reunião. Às cinco horas, já estavam lá Barreto, Valéria e eu. Nara também lá estava nos dando apoio, colaborando na organização do local. Depois chegaram Ronaldo, André Ricardo, a namorada dele - Veruska e André Ricardo 2. Instalou-se um barbante onde ficaram expostos alguns contos e alguns livros. Representando a diretoria da Associação, estiveram presentes Pedro Matos e esposa, além de Nara e Carlos Tibério. Valéria e eu levamos cadeiras e banquinhos. Por falar nisso, alguém já decifrou quem foi o(a) doador(a) das duas mesas? Ganha um doce quem adivinhar. Uma torta de chocolate, refrigerantes, copos, pratos e colherinhas descartáveis deram um tons festivos ao encontro. Antônio Mariano chegou radiante, depois de ter participado de um evento literário em Porto de Galinhas. E foi logo dizendo que vai tentar trazer a placa do Clube do Conto que está no shopping sul. Para isso, deverá contar com a provável aquiescência de Assis Almeida. E, assim, de conversa em conversa, chegou-se à conclusão de que ninguém tinha levado a tarefa da semana, ou seja, o “naufrágio”. Anoitecendo aos poucos, achou-se por bem servir o lanche. Em pleno refastelar da torta, faltou luz elétrica na rua. Pela primeira vez em sua história, o Clube do Conto adentrou a penumbra, clima inusitado. Nesse clima foram lidos alguns contos fora do tema. Com a penumbra, chegaram Gláucia Lima, Dea Limeira e Raoni, o que contribuiu para aumentar o calor humano. Na escolha do tema para a próxima semana, achou-se por bem que deve permanecer o tema “naufrágio”. Veruska, a namorada de André Ricardo 1, nos mostrou e distribuiu alguns de seus trabalhos de artes plásticas, sugerindo que as pessoas façam pequenos textos sobre as figuras expostas. Eu, particularmente, fiquei com uma figura linda, uma moça contrita em posição de oração. Me desculpem os que, provavelmente tenham sido esquecidos. É que a memória é fraca. Sem mais que me lembre, assino.
Dôra Limeira.

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Novo local de reuniões

A partir do próximo sábado (6 de outubro), 17:30h, estaremos nos reunindo na Associação dos Moradores do Conjunto dos Bancários, na parte da frente, onde funcionou um antigo restaurante ou churrascaria. É uma área coberta, local agradável, arejado, em frente à praça da Paz. Será uma experiência a mais, esperemos que dê certo. Como se trata de local aberto, ficaremos mais ou menos visíveis aos transeuntes. A falta de cadeiras é um problema concreto de imediato. Até que compremos nossas próprias cadeiras, Valéria se dispõe a nos emprestar algumas, posso emprestar alguns bancos, e assim vamos levando. Todos estão convidados a participar da sessão inaugural dessa nova “sede”. O tema escolhido para sábado foi “naufrágio”. Também não existe água no local, mas isso se resolve se levarmos algumas garrafas d'água e copos descartáveis. Café? Para sábado, proponho-me a levar uma garrafa térmica de café e copinhos descartáveis. Precisamos levar um saco plástico para lixo. Quem tiver máquina fotográfica, digital ou não, será muito bom se puder levar. A ocasião merece registro de imagem. Mesa? Não temos. Proponho que até 18 horas, fique alguém no shopping para avisar a algum desavisado que possa aparecer por lá. Depois deixar recado na livraria informando sobre nosso novo lugar de reuniões. Alguém deveria agradecer a Assis pela atenção, pela placa, pelas eventuais cadeiras, enfim.

Dôra

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Naquele tempo


Maria Valéria Rezende

Ele era o alvo de todos os nossos olhares e devaneios. Não das esperanças, que não ousávamos. Tínhamos quinze anos. Ele, vinte e um. Muuuuuito mais velho que nós. Maior de idade, usava livremente uma suposta fortuna que herdou de um tio-padrinho. Era o único rapaz dessa idade que já tinha seu próprio carro e já fora esquiar nos Alpes. Incrível, naquele tempo. Isto era o de menos. Sim, tinha olhos verdes, uma covinha no queixo quadrado, era dourado de sol, campeão de tamboréu na praia e vice-campeão de tênis nas quadras. Aquelas pernas, aquele peito! E inteligentíssimo! Lia de tudo, olhava de cima, condescendente, para todos nós, o resto.
Era um gentleman culto e blasé. Estudava na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco. Ele fazia disso uma coisa assombrosa, caminhando com ademanes de quem portasse a capa preta de Coimbra. As capas pretas esfarrapadas que adorávamos e que periodicamente ocupavam, em revoadas, nossos sonhos adolescentes, quando se anunciava mais um navio com estudantes da universidade portuguesa atracando em breve em nosso porto. Era um tal de aprender os últimos fados que as rádios de nossa cidade meio lusitana repetiam todas as manhãs. Mas nem os estudantes de Coimbra, com suas vozes, suas histórias de touradas, nem suas guitarras ofuscavam o brilho de nosso galã.
Era isso. Um brilho que não nos cansávamos de olhar. À distância. Até que um dia ele veio e sentou-se na cadeira vazia junto à mesa em que sempre nos reuníamos num bar da praia, que ele sempre desprezara. Sentou-se, fez girar seu olhar distante dez centímetros acima de nossas cabeças, lançou um longo suspiro e disse:
- Já não agüento mais esta cidadezinha. Não há mais nada a descobrir aqui. Pequena demais, provinciana demais para mim, que tenho mais lembranças do que se tivesse mil anos.
Nem pensei. Saiu-me automaticamente, sem hesitação:
- Beaudelaire: J’ai plus de souvenirs que si j’avais mille ans...
Já teria valido a pena o olhar de espanto que me cercou por todos os lados. Alguns segundos, a turma toda pôs-se a rir. Menos ele.
Durante um mês minha vida virou de ponta-cabeça.
Ele me cortejava, me assediava, aparecia todos os fins-de-semana com flores, caixas de bombons e livros de poetas franceses. Insistia para que fôssemos juntos ao clube, ao bar da praia, a qualquer lugar onde todos nos vissem, e pedia-me que lesse poemas, enquanto ele fumava seu Pall Mall acompanhando as volutas de fumaça com olhar sonhador e suspiros profundos. Aquilo era extremamente chato, mas eu não tinha como resistir.
Minha turma afastou-se de mim como seu eu tivesse contraído uma infecção contagiosa. Minha vida tornou-se um tédio, um verdadeiro spleen, eu poderia dizer, naquele tempo.
Uma tarde de sábado, depois de ouvi-lo dissertar exaustivamente sobre Le bateau îvre, tentando encontrar uma saída daquela armadilha, arrisquei um palpite qualquer sobre Rimbaud (bom e velho professor Bertrand!). Ele olhou-me absolutamente encantado. Esperei um elogio, mas, assim, sem mais nem menos, ele me insultou:
- Sabe porque é que eu gosto de você? Porque você tem uma cabeça de homem!
Levantei-me, indignada, agarrei minha bolsa e fui-me embora. Livrei-me dele para sempre.

Clube do Conto da Paraíba – setembro 2007 – mote: Insulto.
Ilustração: Egon Schiele. Obtida em helderpoeta@blogspot.com

domingo, 30 de setembro de 2007

Linguagem oficial

Gente: Vidomar Silva Filho é nosso correspondente em Florianópolis. Nossas boas vindas a ele.

Fonseca olhava Juninho (foi assim que o traste pediu para ser chamado desde o primeiro dia) se exibindo para as mulheres do setor. Aquelas éguas não podiam ver carne nova. Nem as casadas se davam ao respeito. Um verdadeiro absurdo!
Trinta anos de serviço público para ver aquilo. Também, esses concursos: só uma prova, sem uma entrevista, uma indicação...
Nos primeiros dias, Fonseca até o achou simpático. Notou aquelas calças justíssimas que retratavam as nádegas, a musculatura das coxas, o sexo. Pensou em chamar a atenção do rapaz, mas deixou passar. Como deixou passar as camisas escandalosas que deixavam o peito à mostra no melhor estilo cafetão.
Só começou a se incomodar realmente ao ver os primeiros memorandos e ofícios:
– Juninho, pedimos não, meu filho. Usa a linguagem oficial: vimos solicitar.
– Dá tudo na mesma, seu Fonseca.
– Dá não. Se você não usa a roupa... quer dizer, a linguagem certa, não te levam a sério.
Incomodou-se também quando Juninho trouxe as brincadeiras pesadas do futebol para dentro da repartição:
– Daí, viado!
– Daí, boiola! respondia-lhe um outro no mesmo tom.
– Daí, Fonseca, seu corno.
Sorriso amarelo era a melhor resposta. Solteiro e celibatário, tecnicamente nem podia ser corno.
E continuava o desrespeito à linguagem oficial:
– Juninho, requerimento não se fecha com cordialmente, porque...
– Pô, Fonseca, deixa de ser fresco! – o sorriso largo tirava o peso do xingamento.
– Quando você tiver três décadas de serviço público como eu, vai entender a importância de usar linguagem oficial. É questão de precisão, garoto.
No dia seguinte, o Juninho resolveu atender o desejo de Fonseca:
– Daí, Fonseca, seu homossexual.
Os colegas tiveram trabalho para arrancar as mãos de Fonseca do pescoço de Juninho.


Vidomar
setembro de 2007.

A coisa pior

Você não podia ter dito coisa pior comigo. Até aqui eu suportei tudo o que você fez e disse a mim e de mim.Nunca esqueci o dia em que você copiou a minha prova e disse à professora que eu tinha colado de você. A professora acreditou. Levei zero.Pediu meu canivete emprestado e não devolveu. Me deu um golpe no treino de luta livre sem avisar para eu ficar em guarda. Aproveitou que eu estava no gol, deu um nó na minha camisa e mijou em cima. Fez não sei quantas camas-de-gato quando eu estava distraído, conversando com a turma.Depois você disse a seu pai que eu tinha emprestado a revista que você levou para o banheiro. Ele me proibiu de ir na sua casa e ainda contou pro meu pai. Não apanhei, mas fiquei de castigo.Mais tarde você foi dizer à minha primeira namorada que eu tinha contado tudo que tinha feito com ela no cinema. Ela nem falou comigo. Acabou o namoro com um recado.Há pouco tempo, pediu para eu fazer um empréstimo e não me pagou, sujando meu nome no Serasa. Depois eu vi você pagando uma rodada de cerveja para um bando de vagabundos.Cantou minha mulher, vomitou no meu sofá bateu com o meu carro. De tudo isso eu desculpei você. Mas você não podia ter dito ou feito coisa pior comigo. Me chamar de irmão é um insulto que eu não agüento.
Ronaldo Monte. Clube do Conto, 27.09.07


Ilustração obtida em portal.educ.ar

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

A noite

Cheguei em casa tarde da noite, estava exausto, tinha passado horas e horas debatendo vários assuntos polêmicos, queria ter resolvido todos os problemas do mundo, fui impedido pelo dono do bar que resolveu fechar mais cedo e nos enxotou. Pelo menos, já estava no aconchego do lar. Fui direto ao banheiro, no caminho, fui me livrando dos apetrechos, celular, chave do carro, carteira, moedas, espalhei-os pelos mais diferentes móveis da casa, iria ser uma dificuldade reencontrá-los no dia seguinte.

Dei uma mijada e depois entrei debaixo do chuveiro. Que belo banho, ensaboei todo o corpo, passei shampoo no cabelo para tirar o cheiro de cigarro. Não fumava, mas meus amigos fumavam muito, inclusive as mulheres, diziam ficar mais charmosas com um cigarro em punho.

Enxagüei-me e enxuguei-me. Vesti o pijama, estendi a toalha no box e fui para cama. Deitei e arrumei as cobertas. Mal fechei os olhos e despertei com um barulho de porta fechando, BLAM! Pensei, deve ser na casa do vizinho. Entretanto, escutei a assassina chegando de mansinho. Fingi que dormia, quando ela se aproximou, surpreendi-a abanando os braços. Acendi o abajur para fazer contato visual. Fiquei cara a cara com a danada, concentrei-me e certeiramente agarrei-a entre meus dedos. Apertei a mão com toda a força. Verifiquei se a tinha esmagado, porém ela voou da como se nada tivesse lhe acontecido.

Fui atacado no pescoço, nas mãos e no rosto. Dei tapas em mim mesmo e no ar, não conseguia acertá-la de jeito nenhum. Até que, num átimo de loucura, puxei a manga do pijama e ofereci o braço para que ela sugasse todo o meu sangue. Demorou a se aproximar, mas não resistiu. Deu um vôo rasante e cravou sua boca no meu braço. Instantaneamente, VLÁS!, dei-lhe um tapa certeiro, o sangue espalhou por todo o quarto. Examinei-a e constatei, era uma Aedes aegypti.

Joguei seus restos mortais no chão, limpei-me com cuspe, apaguei o abajur, fechei os olhos e dormi, mas não dormi tranqüilo, sonhei que era julgado num tribunal de muriçocas. Culpado! Assassino! Culpado! Culpado!
Laudelino Menezes
(Texto apresentado na reunião do Clube do Conto da Paraiba, sábado, dia 8/9/2007 - Ata)

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Nos tempos da escatologia...

Esta história que agora vou contar é verídica. Antigamente, costumava-se ornamentar a mesa de reuniões do Clube do Conto com adereços alusivos ao tema do momento. Por exemplo, no sábado em que o tema foi “escatológico”, o adereço ficou bem no meio da mesa. Era um penico grande de alumínio. Dentro do penico, havia um bolo inglês com cobertura de chocolate e uns pedaços de papel higiênico sujos de chocolate. O penico, o bolo, o chocolate e o papel higiênico, tudo desarrumado dentro do penico, davam a impressão de que alguém tinha defecado ali e tinha se limpado. Em meio à risadagem geral, os contos foram lidos, comentados. Os enredos se diversificaram, falando sobre defuntos fedorentos, esfaqueamentos em via pública e outras porcarias. Na hora do lanchinho, houve quem não quisesse comer daquele bolo coberto de chocolate. Que besteira. Quem não comeu, não sabe o que perdeu. A responsável pela foto que vocês estão vendo foi Dira, que naquele tempo era bem assídua.
Dôra Limeira

sábado, 22 de setembro de 2007

A Ata mais antiga

Ata de quando o Clube do Conto ainda não existia efetivamente:

Pelo visto, ainda não está definido o rumo das coisas.Proponho que os encontros dos sábados sejam espaços onde se possam articular encontros presenciais mais consistentes. A presença dos contistas e de outros escritores aos sábados é que poderá definir os rumos desse grupo. Penso que intercâmbio de idéias, projetos, pontos de vista, troca de abobrinhas e tudo o mais, qualquer pretexto pode ser um bom início de conversa. Por enquanto, estamos tentando iniciar. Para o encontro do próximo sábado, vislumbra-se a adesão de André e de Barreto. Esperemos que mais gente venha engrossar a sopa..

Dôra (em 16 de junho de 2004)

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Ata do dia 16 de junho de 2007

Reunião no casarão 34

Água, cafezinho, microfrone, xerox de textos e até um pequeno e criativo púlpito foram algumas das coisas de infra estrutura providenciadas e colocadas à nossa disposição pela diretora do Casarão - Lu Maia. Ambiente aconchegante, na minha opinião o anfiteatro do Casarão se prestou muito bem à realização da reunião de sábado. Depois de muitas considerações, chegou-se ao consenso de que as reuniões semanais devem continuar no shopping sul, para tanto Valéria e eu, esta semana, vamos comprar cadeiras para o Clube do Conto (...) Além das reuniões de todos os sábados, teremos reuniões abertas ao público uma vez por mês no Casarão 34. Quanto ao próximo tema, será "Café". Valéria e André Ricardo editaram em editora nacional seus livros lindos para crianças. Bem, gente, não sei se esqueci algo. Quem tiver alguma coisa a acrescentar ou corrigir, por favor acrescente ou corrija. Boa tarde.

Dôra Limeira

Ata do dia 30 de junho de 2007

O que aconteceu sábado passado?

O encontro de sábado foi animado, embalado por chocolates quentes, cafezinhos expressos fumegantes e o tema da semana pairando no ar: "Café". Houve quem levasse uma história meio cômica, meio séria de uma mulher cujo marido tinha o apelido de Café, acho que por ser moreno demais. A mulher não o chamava de Café, porque sabia que ele não gostava. Mas, numa noite de muito amor, no auge de seus delírios de alcova, ela não se conteve, gemeu muito e gritou: "Cafééééé!Aaaaaaiiii Cafééééééé........" Essa história foi de Raoni Xavier, o mesmo que fez o logotipo do Clube do Conto da Paraíba para a comunidade de orkut. Parabéns, Raonix.

Uma outra pessoa levou a história de uma moça assediada por um obsessivo rapaz, cuja característica física mais gritante era sua halitose. Depois de muita agonia dentro de um cinema, com o rapaz insistindo e sussurrando a terrível halitose no rosto da moça, ela o convida para sair do cinema e oferece-lhe cafezinho num shopping ali perto. Enquanto o mau cheiroso rapaz vai ao sanitário, a moça tempera o cafezinho dele com uma dose reforçada de racumin, veneno de rato. Imaginem o final dessa história. Adivinhem quem foi a autora: não podia ser outra senão Dôra Limeira.

Uma terceira pessoa levou a história de um escritor "Em crise de criatividade", com aquela dificuldade que às vezes nos ataca: a de escrever. Depois de muito matutar, jogar paciência sozinho, ele resolve ir ao computador. Para melhor estimular a criatividade, leva um saboroso café quente numa caneca tipo jô soares e começa a dedilhar o teclado. Não se sabe se num ato de distração ou de desvio motor nos dedos, ele bateu na caneca e... pimba!!! O café esparramou em cima do teclado, o monitor foi mudando de cor, até que ficou todo preto. O final da história vcs imaginem. O autor foi nosso mais descontraído integrante: Cláudio José Rodrigues.

Além das histórias em torno do Café, houve como sempre, crise de assentos. Faltaram cadeiras para algumas pessoas. Eu li meu conto de pé, alto e bom som, para que outra pessoa se sentasse e descansasse enquanto eu lia. Outros integrantes fizeram o mesmo.

O próximo tema, para quem interessar e quiser escrever e nos enviar para ser lido, é "Cadeira".

Isto que acabei de escrever é um arremedo de ata. Assino e dou fé.

Dôra Limeira

Ata do dia 6 de julho de 2007

O que aconteceu neste sábado...

Dia frio, chuvoso, convidatício para uma soneca prolongada em casa. Noentanto, alguns mais resistentes (sempre existem uns mais resistentes), levaram seus contos ao Shopping Sul e lá procederam as suas leituras. O tema era "cadeira", e os dois que escreveram -Antônio Mariano e Cláudio José Rodrigues - abordaram cadeiras de academias literárias.

A novidade é que Petra Ramalho, chefe da Divisão Editorial da Funjope- Fundação Cultural de João Pessoa - esteve presente e nos convidoupara integrar as atividades literárias no Casarão 34, juntamente com o projeto Tertúlias Phelipéia e Forum Literário, sempre na última quarta-feira de cada mês. Não fizemos objeções, mas resolvemos que precisamos consultar o grupão no próximo sábado.

É isso, por hoje. Boa noite.

Dôra Limeira

domingo, 16 de setembro de 2007

Entre em contato

O Clube do Conto da Paraíba também está no Orkut, participe da nossa comunidade. Para acessar, basta ter uma conta no Orkut e adentrar no seguinte endereço: http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=34118442.

O e-mail do Clube do Conto é: clubeconto @ gmail . com.

Ata do dia 23 de agosto de 2007

Apresentação do Clube do Conto no Lyceu Paraibano

Noite do dia 23. Através do convite do poeta e professor José Rodrigues, o Clube do Conto fez uma bonita apresentação no Lyceu Paraibano. A noite começou com meu encontro com alguns integrantes na escadaria do colégio. Dorinha, eu, Barreto, Mariano, Ronaldo Monte adentramos e fomos inseridos no auditório. Centenas de alunos, alguns professores, e no palco, enquanto esperávamos a chamada, uma funcionária fazia um pequeno show de derretimento emocional, o que fez com que Ronaldo Monte resolvesse espairecer (junto com seus saudáveis ouvidos) no corredor.

Depois, nos dirigimos ao palco, e ficamos ali, sentado, lendo e falando sobre o clube do conto. Eu lancei literalmente meu livro de crônicas em direção à platéia. Dorinha também lançou (com minha ajuda) o seu Prece. Barreto foi o causador da tumultuosa fúria pelo seu cordel de contos (e nisso, lembro, vamos investir nessa idéia de cordel). Mariano, num gesto enobrecedor, fez sinal para que a moça que traduzia tudo na linguagem dos sinais, ganhasse uma asinha imensa sobre ela. E assim, entre risadas, apupos e aplausos, tivemos nossa melhor apresentação e a possibilidade de um replay com outras turmas.

Ata escrita por André Aguiar.

Ata do dia 8 de setembro

Hoje, sábado, dia 8 de setembro...

Poucas pessoas compareceram à reunião de hoje. Era de se esperar, já que muita gente aproveitou o feriado e o imprensadão para viajar. Numa das mesas do cafezinho, ficamos eu, Mariano, Andrézinho e Laudelino. Bebericamos cafezinhos, chocolates e jogamos conversa fora. Andrézinho leu seu conto sobre o tema "Férias na fazenda", um conto com gosto de infância. Já Laudelino fugiu ao tema e levou seu conto "A noite", sobre a peleja de um cidadão insone contra uma muriçoca bem ativa. Ambos os contos, o de Andrézinho e o de Laudelino, mereceram nossos comentários. Após as leituras dos textos, recebemos a visita de José Rodrigues, professor do Lyceu Paraibano, que voltou a tecer elogios à nossa presença e atuação na Semana Cultural do Lyceu. Enfim. Encerro, assim, esta ata insossa. Quem quiser e puder, que ponha sal.

Ata escrita por Dôra Limeira.

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007

Clube do Conto

Clube do Conto

Depois de longas férias e um constrangedor silêncio este blogueiro, quer dizer, o Clube do Conto da Paraiba, aproveita pra fazer barulho internacional!!! Vejam só:

"Professora da UFPB vence prêmio literário em Portugal

A jornalista e professora universitária paraibana Joana Belarmino (membro ativíssimo do Clube do Conto da Paraíba!) venceu, pela segunda vez consecutiva, o concurso de contos literários promovido pela Associação de Cegos e Ambliopes de Portugal (Acapo).
Joana Belarmino foi premiada com o conto "Festa de Ontem", que retrata a velhice. “É um conto muito lírico, muito poético”, comenta, ressaltando ainda que ficou muito honrada quando soube do resultado do concurso, visto que os autores têm que assinar os textos com pseudônimos, para não ter nenhum tipo de influência no resultado.
A professora irá receber o prêmio no dia 10 de março.
“Eles me disseram ter ficado muito surpresos ao abrir o envelope que continha meus dados. Até brincaram comigo dizendo que eu não poderei mais me escrever”, conta a autora, que também foi premiada no concurso do ano anterior. A segunda colocação da competição deste ano também ficou com um brasileiro, residente no Rio Grande do Sul.
Esta edição do concurso homenageia o poeta português Miguel Torga. Os contemplados com a premiação, além de receber uma quantia em dinheiro também visitaram os locais onde o homenageado viveu e receberam obras suas. Joana Belarmino conta que encaminhou um pleito ao prefeito Ricardo Coutinho (PSB), solicitando a contribuição para ir até Portugal e de pronto foi atendida.
Agora, ela tenta junto à Universidade Federal da Paraíba (UFPB) ajuda de custo para despesas em Portugal. “Lá os deficientes visuais não têm gratuidade nos serviços, como no caso de transporte, por exemplo, então tudo fica muito caro”, comenta. " Fonte: Assessoria de Comunicação da Prefeitura de João Pessoa.

Mas tem mais:

MERCEDES CAVALCANTI, nossa Pepita, (também membro ativíssimo do Clube do Conto da Paraíba!) acaba de lançar em Santiago do Chile, dia 26 de janeiro passado, a versão em espanhol de seu romance "O Manuscrito de Hanna", ou "El Manuscrito de Hannah"... no Centro de Estudios Brasileños da Embaixada do Brasil no Chile.

Não chega? Então:

Maria Valéria Rezende (do Clube do Conto, claro!) já está com contrato assinado para a publicação de seu romance "O vôo da guará vermelha" em espanhol, pelo selo Alfaguara, da Santillana, Espanha, em francês pela Editions Metailié da França e também para uma publicação em Portugal, pela Oficina do Livro.