terça-feira, 30 de outubro de 2007

El ata (portunhol loco)

ATA DE 27 DE OUTUBRO DE 2007

El sábado pasado, una vez más, el club dio cuenta de la asistencia y las ausencias. Barreto, Dorinha y Valéria trouxeram objetos señalados a sus historias. Piedras lascadas y piedras pulidas. Cadeira rustica (hay un nombre, pero no recuerdo). El opaco, Ronaldo, ya que el autor no asistió por motivos ya han sido divulgados. La bonequita de Dôrinha, con canasta, de libros y algo más. Aún Raonix llegó con su jangada ... Naufragada en el olvido. Mariano leer el tema de la pantalla artista Veruschka guerra y Brendan narrou una saga más allá de la interesante. Claudio olvidado de la historia, pero que el periódico. André Ricardo II, un rapazito y nuevo integrante (no recuerdo el nombre, la gente, lo siento). Como siempre, otra reunión feliz, y eligió como sujetos señalan sumiço y la invasión. Y con los días están contados para el caldo de la cultura. Eso es cierto, pero la fe en todo.
André

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Vamos à ata!

ATA DA REUNIÃO DE 20 DE OUTUBRO DE 2007

Se não me falha a memória, sábado tivemos clube do conto. Dorinha, Valéria, Barreto, Ronaldo Monte, Mariano, André Ricardo II, Cláudio, Brendan, Raoni e a namorada. (Não esqueçam, memória não é meu forte e se alguém se sentir não-citado, desça o sarrafo)

Agora mais estabelecidos e nos acostumando com o novo ambiente, tivemos, no início, a visita de Assis (da Livraria que nos apoiou e cedeu o luminoso), onde merece nosso agradecimento e ainda nos brindou com a velha (embora nova) placa para colocarmos ali, em alguma parede da Associação.

Depois de alguns teretetês, iniciamos os contos. Poucos sobre fronteira, mas Dôrinha e Ronaldo deram serviço, Valéria leu (no estilo rádio nacional) o conto do Cláudio (risotas a parte) e Mariano mostrou conto sobre naufrágio e homoerotismo marinho velado (sorry, is a joke!). Será uma suprema desfeita se alguém leu algo mais e eu não me toquei... Eu mesmo caí na maldição do proponente, mas me lembro bem das palavras estranhas de Ronaldo que ora me fogem à lembrança.

Decidimos, depois de tentativas frustradas de jogar um tema na fogueira, pela idéia interessante de Raoni: escrever um conto sobre um determinado objeto e levá-los, o conto e o objeto (ou sua representação, caso não dê para o gasto) para o clube.

Ah, também recebemos convite de Lúcia Wanderley para um Caldinho Cultural dia 9 de novembro (é esta data?). No mais, a ata está aqui e perdoem o abuso de senilidade que ora me ataca. Adiós! E Besos!

André.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Ata de sábado passado (13 de outubro de 2007)

No começo, era eu sozinha, esperando entre ficar na calçada ou adentrar o recinto. Quando estava nesse dilema, vejo um carro se preparando para estacionar, alguém no carro me chamou. Quem seria? Abrem-se as portas do carro e... olhem quem chegou: Joana, Mariana e o namorado (desculpe, Joana, não sei o nome dele). Entramos, já estava quase escuro. Tateamos em busca de um interruptor de luz, procuramos, procuramos, até que enfim o namorado de Mariana achou. Graças! Acendemos as lâmpadas, tiramos cadeiras e banquinhos da mala do meu carro e arrumamos o cenário e os adereços. Para quem não sabe, já temos mesas e cadeiras nossas, as cadeiras compradas com o dinheiro daquelas atas, lembram? Esses apetrechos estão bem guardados na associação, trancados e amarrados com grossas correntes e cadeado. A propósito, quem doou as mesas? Levei uma garrafa de café já doce, bem forte, bem quente, e copos descartáveis. Enquanto isso, mais pessoas iam chegando. Valéria, André Ricardo 2, Mariano, André Ricardo 1 chegaram e o circulo em volta das mesas se coloria cada vez mais. Mas, antes que chegasse qualquer pessoa, Laudelino passou por lá com duas crianças suas sobrinhas. Conversou um bocadinho, mas teve que se ir por causa das crianças. Os contoclubistas estiveram muito barrulhentos, tagarelas, ainda agitados com o novo ambiente. Discutia-se sobre tudo, abobrinhas pequenas e grandes. Recuamos as mesas para ficarmos a salvo da friagem, ficamos lá num recantinho protegido da ventania. Já totalmente escuro, Gláucia Lima ligou para Joana dizendo que estava a caminho. Decidimos esperar por ela para podermos iniciar as demonstrações dos deveres de casa. A fornada de contos dessa vez foi excelente. Valéria propôs que organizemos antologias temáticas para serem editadas por uma editora chamada “Livro Rápido”. Claro que todo mundo concordou. Os naufrágios estiveram de primeira qualidade. Só não naufragou quem não quis. André Ricardo 1 afundou atrás de um monte de baleias, chegou a encalhar numa baleia enorme, a mais atraente delas. Bem, são detalhes que estão na minha lembrança. Outros detalhes devem ter me escapado, coisa muito natural. Não sei se citei todos os nomes que estiveram presentes. Se esqueci algum, também é coisa muito natural. Memória alguma é de ferro. Conversa vai, conversa vem, chegou-se à definição do próximo tema: “fronteira” (aqui pra nós, tema meio insosso). Esta ata é dedicada a todos e todas que não comparecem a pretexto de qualquer motivo. Dou pouca fé e assino.
Dôra

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Náufrago


Eu afundo com muita facilidade.

Não em grandes extensões marítimas. Não tem nada a ver com água, afogamento, estertor. Não na praia, nem no rio, nem no lago.

Eu afundo perto de mulheres. As que eu desejo. As que eu quero tocar. Não tenho rotas definidas, e minha bússola não é confiável. Em vez de mapa, tenho espinhas. E não sou capitão coisa nenhuma. Sou marinheiro de primeira viagem. Sou do subúrbio, a quem chamo de ilhas.

Adoro Moby Dick, mas não cheguei ao fim. Não é o mar, mas a calmaria que me assusta ali. Então largo o romance, experimento a terra firme, vou de arpão para as mulheres. Tem uma menina na rua, eu consegui chegar muito perto. Ela aceitou dividir um banco de praça. Não sei se por curiosidade, troça e tédio dos dias. Talvez uma mistura. Até dobrar a esquina e ir me aproximando da praça, senti a dureza do chão, tinha uma rota - era eu. Quando me aproximei, fui me apagando, o chão ficou movediço, pantanoso. Quando sentei no banco, passei a enjoar, não tinha o prumo das frases. É assim mesmo, pensei. Você divisa ao longe um peixe que parece pequeno, e que cabe na idéia do arpão. Você tem a obsessão de Ahab. Aos poucos, basta aproximar, a brancura violenta e os olhinhos náufragos te observando, e as sardas (esta baleiazinha tem suas sardas) te faz sentir indo na direção dela com o arpão mais te ferindo do que ameaçando a presa. E mal ando na lâmina do oceano, fingindo heroísmo, o pé vai afundando. Juro a mim mesmo: isto é um banco, um banco, um banco. Pensava, de cimento: mas é de areia. Quem escapa para o fundo é a baleia. Quem encalha de vez sou eu.
André Ricardo Aguiar, tema naufrágio

domingo, 14 de outubro de 2007

Resenha sobre os contos de Antônio Mariano


Imensa asa sobre o dia

Sandra Baldessin

Ouvi, certa vez, a afirmação que é mais fácil escrever um romance ou novela do que um conto. Concordo. Escrever um conto que consiga se apropriar das estruturas narrativas e, através delas, produzir um efeito singular no leitor não é tarefa fácil. E, observem, o termo ‘tarefa’, nesse caso, é muito pertinente.

Antonio Mariano, escritor paraibano, poeta consagrado, com seu Imensa asa sobre o dia, livro de contos que integra a Coleção Tamarindo, revela-se um excelente contista.

Imensa asa sobre o dia reúne 13 contos; os protagonistas de todas as histórias são nomeados Jailson, pelo autor. A paixão pela origem dos nomes me obriga a referir que, se Jah é o nome de Deus, as personagens de Mariano trazem o estigma de todos os filhos de Jah: a inexorabilidade da condição humana.

Particularmente, (já que sou viciada em Tchekhov – supremo mestre de todos os contistas - e em Cortazar, seu discípulo) observei que Mariano demonstrou, já nesse primeiro livro de contos, a característica principal de um contista com potencial para se destacar entre seus contemporâneos: seus contos possuem o delicioso caráter de jogo.

Essa função lúdica presente nos contos de Mariano se revela em toda sua expressividade no conto A construção do silêncio. O enigma doloroso da convivência humana surge no jogo de ‘gato e rato’ estabelecido entre o pai e o filho. O conto se dá justamente no momento em que as mentiras essenciais que sustentam essa delicada relação se tornam insuficientes, no instante limiar em que "é tarde para desistir", como a própria personagem observa.

Aliás, o sentido de compreensão tardia de coisas fundamentais para a sobrevivência das personagens permeia todas as histórias e esse fator contribui para ampliar a imagem de jogo presente nos contos. Em Seguindo Alice, sobretudo, a crueldade embutida no conceito de ‘tarde demais’ se cumpre plenamente.

Assistimos as personagens se movimentando no tabuleiro labiríntico que Mariano construiu especialmente para elas e tentamos adivinhar se atinarão com a saída. Ilusão vã que alimenta os filhos de Jah.

Desde as pequenas mazelas até os grandes crimes e insuportáveis alvoroços da alma e do corpo, tudo que é comum ao homem está presente nos Jailsons de Antonio Mariano.

Destaco, ainda, dois dos contos mais instigantes da coletânea: O poeta e O dia em que comemos Maria Dulce. Em O poeta Mariano recupera um desejo surrealista: a possibilidade de viver como poeta, de poetizar a vida, ainda que jamais tenhamos escrito qualquer verso. Um pacato e invisível funcionário público enlouquece (ou chega à razão suprema) e se declara, irreversivelmente, poeta. O conto, em sua aparente simplicidade, revela a condição marginal do poeta e da poesia na sociedade contemporânea.

O dia em que comemos Maria Dulce foge ao realismo presente em todos os outros contos. Mariano utiliza recursos do gênero fantástico-maravilhoso para nos conduzir numa viagem insólita ao reino da fome e das pulsões inimagináveis: "Podia sentir o mormaço do corpo dela... O hálito que era como o bafo de um bolo assando, uma porção de caramelo saindo pelas bordas do tacho, um pudim fumegante, um doce de leite dando o ponto. (...) Minha boca encheu-se d’água."

E mais não digo. Leiam o livro.


http://www.lucianopires.com.br/iscasbrasil/iscas/abre_isca.asp?cod=1419

terça-feira, 9 de outubro de 2007

confraternização em novo local de reunião

ATA DA REUNIÃO DO DIA 06 DE OUTUBRO

Expectativa no primeiro dia no novo espaço de reunião. Às cinco horas, já estavam lá Barreto, Valéria e eu. Nara também lá estava nos dando apoio, colaborando na organização do local. Depois chegaram Ronaldo, André Ricardo, a namorada dele - Veruska e André Ricardo 2. Instalou-se um barbante onde ficaram expostos alguns contos e alguns livros. Representando a diretoria da Associação, estiveram presentes Pedro Matos e esposa, além de Nara e Carlos Tibério. Valéria e eu levamos cadeiras e banquinhos. Por falar nisso, alguém já decifrou quem foi o(a) doador(a) das duas mesas? Ganha um doce quem adivinhar. Uma torta de chocolate, refrigerantes, copos, pratos e colherinhas descartáveis deram um tons festivos ao encontro. Antônio Mariano chegou radiante, depois de ter participado de um evento literário em Porto de Galinhas. E foi logo dizendo que vai tentar trazer a placa do Clube do Conto que está no shopping sul. Para isso, deverá contar com a provável aquiescência de Assis Almeida. E, assim, de conversa em conversa, chegou-se à conclusão de que ninguém tinha levado a tarefa da semana, ou seja, o “naufrágio”. Anoitecendo aos poucos, achou-se por bem servir o lanche. Em pleno refastelar da torta, faltou luz elétrica na rua. Pela primeira vez em sua história, o Clube do Conto adentrou a penumbra, clima inusitado. Nesse clima foram lidos alguns contos fora do tema. Com a penumbra, chegaram Gláucia Lima, Dea Limeira e Raoni, o que contribuiu para aumentar o calor humano. Na escolha do tema para a próxima semana, achou-se por bem que deve permanecer o tema “naufrágio”. Veruska, a namorada de André Ricardo 1, nos mostrou e distribuiu alguns de seus trabalhos de artes plásticas, sugerindo que as pessoas façam pequenos textos sobre as figuras expostas. Eu, particularmente, fiquei com uma figura linda, uma moça contrita em posição de oração. Me desculpem os que, provavelmente tenham sido esquecidos. É que a memória é fraca. Sem mais que me lembre, assino.
Dôra Limeira.

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Novo local de reuniões

A partir do próximo sábado (6 de outubro), 17:30h, estaremos nos reunindo na Associação dos Moradores do Conjunto dos Bancários, na parte da frente, onde funcionou um antigo restaurante ou churrascaria. É uma área coberta, local agradável, arejado, em frente à praça da Paz. Será uma experiência a mais, esperemos que dê certo. Como se trata de local aberto, ficaremos mais ou menos visíveis aos transeuntes. A falta de cadeiras é um problema concreto de imediato. Até que compremos nossas próprias cadeiras, Valéria se dispõe a nos emprestar algumas, posso emprestar alguns bancos, e assim vamos levando. Todos estão convidados a participar da sessão inaugural dessa nova “sede”. O tema escolhido para sábado foi “naufrágio”. Também não existe água no local, mas isso se resolve se levarmos algumas garrafas d'água e copos descartáveis. Café? Para sábado, proponho-me a levar uma garrafa térmica de café e copinhos descartáveis. Precisamos levar um saco plástico para lixo. Quem tiver máquina fotográfica, digital ou não, será muito bom se puder levar. A ocasião merece registro de imagem. Mesa? Não temos. Proponho que até 18 horas, fique alguém no shopping para avisar a algum desavisado que possa aparecer por lá. Depois deixar recado na livraria informando sobre nosso novo lugar de reuniões. Alguém deveria agradecer a Assis pela atenção, pela placa, pelas eventuais cadeiras, enfim.

Dôra

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Naquele tempo


Maria Valéria Rezende

Ele era o alvo de todos os nossos olhares e devaneios. Não das esperanças, que não ousávamos. Tínhamos quinze anos. Ele, vinte e um. Muuuuuito mais velho que nós. Maior de idade, usava livremente uma suposta fortuna que herdou de um tio-padrinho. Era o único rapaz dessa idade que já tinha seu próprio carro e já fora esquiar nos Alpes. Incrível, naquele tempo. Isto era o de menos. Sim, tinha olhos verdes, uma covinha no queixo quadrado, era dourado de sol, campeão de tamboréu na praia e vice-campeão de tênis nas quadras. Aquelas pernas, aquele peito! E inteligentíssimo! Lia de tudo, olhava de cima, condescendente, para todos nós, o resto.
Era um gentleman culto e blasé. Estudava na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco. Ele fazia disso uma coisa assombrosa, caminhando com ademanes de quem portasse a capa preta de Coimbra. As capas pretas esfarrapadas que adorávamos e que periodicamente ocupavam, em revoadas, nossos sonhos adolescentes, quando se anunciava mais um navio com estudantes da universidade portuguesa atracando em breve em nosso porto. Era um tal de aprender os últimos fados que as rádios de nossa cidade meio lusitana repetiam todas as manhãs. Mas nem os estudantes de Coimbra, com suas vozes, suas histórias de touradas, nem suas guitarras ofuscavam o brilho de nosso galã.
Era isso. Um brilho que não nos cansávamos de olhar. À distância. Até que um dia ele veio e sentou-se na cadeira vazia junto à mesa em que sempre nos reuníamos num bar da praia, que ele sempre desprezara. Sentou-se, fez girar seu olhar distante dez centímetros acima de nossas cabeças, lançou um longo suspiro e disse:
- Já não agüento mais esta cidadezinha. Não há mais nada a descobrir aqui. Pequena demais, provinciana demais para mim, que tenho mais lembranças do que se tivesse mil anos.
Nem pensei. Saiu-me automaticamente, sem hesitação:
- Beaudelaire: J’ai plus de souvenirs que si j’avais mille ans...
Já teria valido a pena o olhar de espanto que me cercou por todos os lados. Alguns segundos, a turma toda pôs-se a rir. Menos ele.
Durante um mês minha vida virou de ponta-cabeça.
Ele me cortejava, me assediava, aparecia todos os fins-de-semana com flores, caixas de bombons e livros de poetas franceses. Insistia para que fôssemos juntos ao clube, ao bar da praia, a qualquer lugar onde todos nos vissem, e pedia-me que lesse poemas, enquanto ele fumava seu Pall Mall acompanhando as volutas de fumaça com olhar sonhador e suspiros profundos. Aquilo era extremamente chato, mas eu não tinha como resistir.
Minha turma afastou-se de mim como seu eu tivesse contraído uma infecção contagiosa. Minha vida tornou-se um tédio, um verdadeiro spleen, eu poderia dizer, naquele tempo.
Uma tarde de sábado, depois de ouvi-lo dissertar exaustivamente sobre Le bateau îvre, tentando encontrar uma saída daquela armadilha, arrisquei um palpite qualquer sobre Rimbaud (bom e velho professor Bertrand!). Ele olhou-me absolutamente encantado. Esperei um elogio, mas, assim, sem mais nem menos, ele me insultou:
- Sabe porque é que eu gosto de você? Porque você tem uma cabeça de homem!
Levantei-me, indignada, agarrei minha bolsa e fui-me embora. Livrei-me dele para sempre.

Clube do Conto da Paraíba – setembro 2007 – mote: Insulto.
Ilustração: Egon Schiele. Obtida em helderpoeta@blogspot.com