domingo, 25 de novembro de 2012

Modo de apanhar contistas à mão


Ata referente ao dia 24 de novembro de 2012.

E lá vão eles, em formato de livro
dizer que são livres – e são.
Como Sansão indo ao cabeleireiro.
Como Tristão dizendo: me larga Isolda!
Como João, não o Guimarães, mas qualquer João.
O leitor, ah o leitor!
Assim foi o sábado, dia do Senhor
(mpb de um lado, na praça, procissão à véspera
Do barulho, na rua). 
Entre uma coisa e outra,
Deus há-de. O Sertão são os contos, os causos,
O redemoinho. 
Contistas à mão cheia.
Como o canto da sereia, só que no seco.
No piso do shopping em vão. Todos de esguelha.
Pé de conto nasce a todo instante. Colher é que são elas.
O tema é orelha.

André Ricardo Aguiar

domingo, 11 de novembro de 2012

FALTA DE UM ATA DE OUTRO


Ata referente ao dia 10 de novembro de 2012.

os sonhos são vida e a vida imprecisa
carece de arte e assim contamos
Sérgio arrombando um cofre desumano
humanamente prosaico e prolixo se analisa
Norma arrombando um cofre humano
desumanamente poética e precisa não alisa
Gabryelle preciso me concentrar na missa
e acho um coração partido no fim do ano
Eu de mendigo à média à monarca quero
ser coroado como Calderón de La barca
Gilmar nordestinado a não impresso lasca
protesto e esperança ao mercado fero
tudo escrito a não ser a calada Romarta
e a falante Valéria papa ao baixo clero
que ensina vida e arte por isso espero
e ela o paradoxo de Tchecov arremata  

Laudelino
a ata acaba em "arremata"
e o tema da próxima semana é paradoxo

Joedson Adriano

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Antes de Esquecer

Ata referente ao dia 3 de novembro de 2012.


Ah, tava calor? Tava. Calor-rola-rola-calor... Lorca foi? Nem seu avatar tava. Rá! Sem ventania no litoral, o calor que abundava dava dó. André parecia de outro mundo mais infernal que este bebendo um suposto café quente sem ligar para o calor e muito menos em aparecer entre nós escribas pra começar a reunião sabática. Laudelino não levou nem conto nem lauda e só queria sortear-se como ganhador do tal livro preso pelo O Fio da Palavra. Usou de vis tramoias de lograr êxito neste jogo de azar, onde só ganha a casa. Registro esses atos, pois eu era quem queria me livrar do tal livro. E todas as rezas de informes introdutórios não faziam André Pilintra subir. Já há muito tempo acomodado, li meu conto temático revisto e requentado rechamado de Solidão Acomodada, título adequado ao tema Cômodo da Casa (ou algo parecido). Regina Behar antipatizou. Não gostou do título e de nada. De nada adiantou eu ter advogado em favor do tal e voltou-se, então, tal e qual ao original Tela da Solidão. Como tinha só mais um conto a ser lido, traçamos antes considerações em torno da Srª Morte. Antes dela e após ela, concluiu-se que a Vida não pode ser vivida se não vier a Morte ou coisa parecida. Suênia chegou uma semana de atraso com seu miniconto Vinte e três minutos. Nele ela nos conta sobre uma das maiores questões femininas em divergentes posturas de duas personagens. Seja ela, uma mulher-acadêmica (leia-se malhada em academia de formar músculos) versus mulher-normal. Trama: dilema ético-estético das mulheres: tomar ou não sorvetes. Contos lidos e idos, enquanto seguro por um café André não subia, chegando-se a nós apenas para o concursado sorteio cantado em nomes afinados pela tinta da caneta de Romarta que não escreveu conto, mas escreveu os nomes nos papeizinhos pelas mãos de Laudelino. Presentes na disputa do presente estavam Manuela, André, Suênia, Romarta, Regina Behar, Laudelino, Adriano e Larissa. E no ínterim de escrever nomes e rasgar papeis, votou-se o tema do próximo sábado. Por Suênia ter esquecido que a semana já havia passado, por André ter se esquecido de sair de casa com o dinheiro pra pagar a impressão de seu conto, por esse calor da moléstia queimar nossos miolos... Há, lembrei! Roberto Denser também não se lembrou de sair mais cedo de casa e chegou ao término da reunião. Mas como ele trouxe-nos uma rosa em conto, reabriu-se a reunião já atada pra que ele lesse em um só fôlego a sua A Rosa Adoecida – Parte 3. Adoecida e suicida a tal Rosa só não morreu por causa de uma dedicatória do Van Gogh. E minha dedicatória escrita foi pra Manuela, por ter vencido o sorteio do livro, apesar dos empecilhos de um José. Antes que esqueça, o tema eleito para o próximo sábado é Esquecimento... eu já não tinha dito isso antes?!

Sérgio Janma