quarta-feira, 27 de julho de 2011

Norma Alves (Cartum + Conto)

NORMA ALVES nasceu em Recife-PE, em 1950, filha de comerciantes, Alzira de Oliveira Ferreira e João Venceslau Ferreira. No ano de 2009, falece sua mãe, foi quando Norma interessou-se pela Literatura. Hoje faz parte do Clube do Conto da Paraíba. Ela é psicóloga e contista. Trabalhou muitos anos no Liceu Paraibano e atualmente na coordenação do Instituto Rio Branco, uma escola de 40 Anos de tradição. Sim, ela nasceu num dia de festa e vive até hoje em festa!

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LAÇO   DE   FITA

Ela era uma cachorrinha linda! Era branquinha, e usava na coleira um laço de fita. Nós a chamávamos de Peluda, porque tinha tanto pelo, que só dava pra ver os olhos. Quando corria parecia uma bola de neve! Era uma verdadeira dama de raça pura. Todos os domingos ,ela ia visitar o nosso cachorro Bob. Ele, um tremendo vira-lata! O encontro dos dois emocionava a todos da casa.

Certa vez, a faxineira disse: “Parece que ela é casada e pula a cerca com Bob”. Será isso possível? Até cachorro é corneado?! Meu filho indignado respondeu: “Não, não é! Peluda é direita! E ouve-se um AU AU   de Bob, como se concordasse. 

Era uma situação incrível a relação dos dois. Viviam em eterna lua de mel. Assim que ela chegava, ele a queria ali mesmo; mas ela, sempre muito refinada, não deixava que ele se aproximasse demais; tinha que ser entre as quatro paredes do quarto, ou melhor, do canil. De fora, ouviam-se apenas os gemidos e latidos em todos os tons. E na hora da comida, ela pegava o prato e o arrastava com o focinho para o ninho de amor. Que romântico!

Num certo domingo, o encontro foi quebrado. Peluda faltou. Foi aquele desespero de Bob. Ficou ali deitado naquele chão, cuspido e lambido, esperando a amada. E uivava tanto de saudade, que resolvi apelar pra cachorra da vizinha. Que nada! Ele era muito fiel. Fiquei até com inveja. Queria um marido assim!

O tempo foi passando... Meses... E nada de ela voltar. Será que estava doente? Será que morrera? Ninguém sabia de nada. O jeito foi levar Bob ao veterinário. O diagnóstico foi: Depressão canina. E agora?! Lá íamos nós pagar terapia pra cachorro!

Quando tudo parecia perdido, os olhos de Bob brilharam de alegria. Ela voltou, mas estava bem diferente: tosquiada. Achamos que ela estivera o tempo todo em algum Pet Shop. A classe era a mesma, o mesmo laço de fita. Mas... Meu Deus! Demos-lhe o nome errado! O certo seria ... Peludo!

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