quarta-feira, 13 de julho de 2011

Luciana Silveira (Cartum + Conto)

Nesta seção especial CARTUM + CONTO, publicaremos um conto mais o cartum de um participante do Clube. Todos os cartuns foram feitos por Raonix.

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LUCIANA SILVEIRA nasceu em Santos, São Paulo, formou-se professora de yoga e dedica-se a essa profissão. É diretora sócio cultural da Associação de Yoga da Paraíba. Edita o jornal trimestral Ananda, pertencente a AYPB e o boletim informativo Folha da Cidade, onde divulga o yoga e atividades do bairro jardim cidade universitária, onde reside e dá aulas.

Gosta de escrever poesias, crônicas e contos, devido a esse gosto pela escrita e, morando em João Pessoa, Paraíba desde 2003, quando conheceu o Clube do Conto apaixonou-se pela idéia e desde então freqüenta as reuniões de sábado onde estiverem.

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HERANÇA

Havia muito que estudava as palavras, sua origem e derivações da língua pátria. Amava a diversidade da linguagem e a explorava em seu âmago, visitava cada ramificação das sílabas. Um erudito, estudioso das ramificações alfabéticas e fonética.

A biblioteca era seu local preferido. Maria, a bibliotecária já o conhecia e tinha sempre a mão um livro que o levava a aprofundar as pesquisas.

- Ainda vou publicar os artigos, ele dizia a ela.

Ela sorria e entregava o livro que tinha em mãos, contribuindo para as pesquisas.

O ultimo livro era sobre os fenícios, fascinante tema sobre a origem do alfabeto. Um giro e lá estavam as contribuições dos gregos, pensadores, matemáticos, físicos. Uma vastidão sem fim de pesquisas, quiçá ele encontraria a origem das palavras e o inicio de uma raiz que daria significado à várias palavras. Era um pouco disperso é verdade, lia e relia diversas vezes o mesmo capitulo, as vezes não prestava atenção ao que lia porque viajava demais nas palavras e nos sons que elas originavam. Sons e símbolos que se unem, se completam e locupletam nossos vocábulos. Assim como pré e re, que junto à visão, formam a previsão e a revisão. Sua mente era um poço de imaginar, transformar e abstrair imagens e sons.

Escrevia compulsivamente. Sempre desejou estar à margem de um grande projeto, seu anseio era poder ser útil ao mundo fútil e tirar da inutilidade várias palavras nascidas no berço das civilizações, para isso estudava.

Tão cansado estava que nem percebeu quando adormeceu sobre a mesa da biblioteca. Em seu sonho encontrou-se com grandes pensadores da história, recebeu lições de Pitágoras, Aristóteles e outros tantos. Ao acordar tinha em mente um recado desses antepassados, havia consolidado o livro e sua mente se abriu para a semente plantada que estava germinando.

A herança é de todos para todos, cada um deixou um legado. Herdar da língua a sabedoria que vem de mim, todo o conhecimento que deixo pra voce, voce herda. Me herda!

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