Gente: Vidomar Silva Filho é nosso correspondente em Florianópolis. Nossas boas vindas a ele.
Fonseca olhava Juninho (foi assim que o traste pediu para ser chamado desde o primeiro dia) se exibindo para as mulheres do setor. Aquelas éguas não podiam ver carne nova. Nem as casadas se davam ao respeito. Um verdadeiro absurdo!
Trinta anos de serviço público para ver aquilo. Também, esses concursos: só uma prova, sem uma entrevista, uma indicação...
Nos primeiros dias, Fonseca até o achou simpático. Notou aquelas calças justíssimas que retratavam as nádegas, a musculatura das coxas, o sexo. Pensou em chamar a atenção do rapaz, mas deixou passar. Como deixou passar as camisas escandalosas que deixavam o peito à mostra no melhor estilo cafetão.
Só começou a se incomodar realmente ao ver os primeiros memorandos e ofícios:
– Juninho, pedimos não, meu filho. Usa a linguagem oficial: vimos solicitar.
– Dá tudo na mesma, seu Fonseca.
– Dá não. Se você não usa a roupa... quer dizer, a linguagem certa, não te levam a sério.
Incomodou-se também quando Juninho trouxe as brincadeiras pesadas do futebol para dentro da repartição:
– Daí, viado!
– Daí, boiola! respondia-lhe um outro no mesmo tom.
– Daí, Fonseca, seu corno.
Sorriso amarelo era a melhor resposta. Solteiro e celibatário, tecnicamente nem podia ser corno.
E continuava o desrespeito à linguagem oficial:
– Juninho, requerimento não se fecha com cordialmente, porque...
– Pô, Fonseca, deixa de ser fresco! – o sorriso largo tirava o peso do xingamento.
– Quando você tiver três décadas de serviço público como eu, vai entender a importância de usar linguagem oficial. É questão de precisão, garoto.
No dia seguinte, o Juninho resolveu atender o desejo de Fonseca:
– Daí, Fonseca, seu homossexual.
Os colegas tiveram trabalho para arrancar as mãos de Fonseca do pescoço de Juninho.
Vidomar
setembro de 2007.
domingo, 30 de setembro de 2007
A coisa pior

Ronaldo Monte. Clube do Conto, 27.09.07
Ilustração obtida em portal.educ.ar
Ilustração obtida em portal.educ.ar
sexta-feira, 28 de setembro de 2007
A noite
Cheguei em casa tarde da noite, estava exausto, tinha passado horas e horas debatendo vários assuntos polêmicos, queria ter resolvido todos os problemas do mundo, fui impedido pelo dono do bar que resolveu fechar mais cedo e nos enxotou. Pelo menos, já estava no aconchego do lar. Fui direto ao banheiro, no caminho, fui me livrando dos apetrechos, celular, chave do carro, carteira, moedas, espalhei-os pelos mais diferentes móveis da casa, iria ser uma dificuldade reencontrá-los no dia seguinte.
Dei uma mijada e depois entrei debaixo do chuveiro. Que belo banho, ensaboei todo o corpo, passei shampoo no cabelo para tirar o cheiro de cigarro. Não fumava, mas meus amigos fumavam muito, inclusive as mulheres, diziam ficar mais charmosas com um cigarro em punho.
Enxagüei-me e enxuguei-me. Vesti o pijama, estendi a toalha no box e fui para cama. Deitei e arrumei as cobertas. Mal fechei os olhos e despertei com um barulho de porta fechando, BLAM! Pensei, deve ser na casa do vizinho. Entretanto, escutei a assassina chegando de mansinho. Fingi que dormia, quando ela se aproximou, surpreendi-a abanando os braços. Acendi o abajur para fazer contato visual. Fiquei cara a cara com a danada, concentrei-me e certeiramente agarrei-a entre meus dedos. Apertei a mão com toda a força. Verifiquei se a tinha esmagado, porém ela voou da como se nada tivesse lhe acontecido.
Fui atacado no pescoço, nas mãos e no rosto. Dei tapas em mim mesmo e no ar, não conseguia acertá-la de jeito nenhum. Até que, num átimo de loucura, puxei a manga do pijama e ofereci o braço para que ela sugasse todo o meu sangue. Demorou a se aproximar, mas não resistiu. Deu um vôo rasante e cravou sua boca no meu braço. Instantaneamente, VLÁS!, dei-lhe um tapa certeiro, o sangue espalhou por todo o quarto. Examinei-a e constatei, era uma Aedes aegypti.
Joguei seus restos mortais no chão, limpei-me com cuspe, apaguei o abajur, fechei os olhos e dormi, mas não dormi tranqüilo, sonhei que era julgado num tribunal de muriçocas. Culpado! Assassino! Culpado! Culpado!
Laudelino Menezes
(Texto apresentado na reunião do Clube do Conto da Paraiba, sábado, dia 8/9/2007 - Ata)
Dei uma mijada e depois entrei debaixo do chuveiro. Que belo banho, ensaboei todo o corpo, passei shampoo no cabelo para tirar o cheiro de cigarro. Não fumava, mas meus amigos fumavam muito, inclusive as mulheres, diziam ficar mais charmosas com um cigarro em punho.
Enxagüei-me e enxuguei-me. Vesti o pijama, estendi a toalha no box e fui para cama. Deitei e arrumei as cobertas. Mal fechei os olhos e despertei com um barulho de porta fechando, BLAM! Pensei, deve ser na casa do vizinho. Entretanto, escutei a assassina chegando de mansinho. Fingi que dormia, quando ela se aproximou, surpreendi-a abanando os braços. Acendi o abajur para fazer contato visual. Fiquei cara a cara com a danada, concentrei-me e certeiramente agarrei-a entre meus dedos. Apertei a mão com toda a força. Verifiquei se a tinha esmagado, porém ela voou da como se nada tivesse lhe acontecido.
Fui atacado no pescoço, nas mãos e no rosto. Dei tapas em mim mesmo e no ar, não conseguia acertá-la de jeito nenhum. Até que, num átimo de loucura, puxei a manga do pijama e ofereci o braço para que ela sugasse todo o meu sangue. Demorou a se aproximar, mas não resistiu. Deu um vôo rasante e cravou sua boca no meu braço. Instantaneamente, VLÁS!, dei-lhe um tapa certeiro, o sangue espalhou por todo o quarto. Examinei-a e constatei, era uma Aedes aegypti.
Joguei seus restos mortais no chão, limpei-me com cuspe, apaguei o abajur, fechei os olhos e dormi, mas não dormi tranqüilo, sonhei que era julgado num tribunal de muriçocas. Culpado! Assassino! Culpado! Culpado!
Laudelino Menezes
(Texto apresentado na reunião do Clube do Conto da Paraiba, sábado, dia 8/9/2007 - Ata)
quinta-feira, 27 de setembro de 2007
Nos tempos da escatologia...

Dôra Limeira
sábado, 22 de setembro de 2007
A Ata mais antiga
Ata de quando o Clube do Conto ainda não existia efetivamente:
Pelo visto, ainda não está definido o rumo das coisas.Proponho que os encontros dos sábados sejam espaços onde se possam articular encontros presenciais mais consistentes. A presença dos contistas e de outros escritores aos sábados é que poderá definir os rumos desse grupo. Penso que intercâmbio de idéias, projetos, pontos de vista, troca de abobrinhas e tudo o mais, qualquer pretexto pode ser um bom início de conversa. Por enquanto, estamos tentando iniciar. Para o encontro do próximo sábado, vislumbra-se a adesão de André e de Barreto. Esperemos que mais gente venha engrossar a sopa..
Dôra (em 16 de junho de 2004)
Pelo visto, ainda não está definido o rumo das coisas.Proponho que os encontros dos sábados sejam espaços onde se possam articular encontros presenciais mais consistentes. A presença dos contistas e de outros escritores aos sábados é que poderá definir os rumos desse grupo. Penso que intercâmbio de idéias, projetos, pontos de vista, troca de abobrinhas e tudo o mais, qualquer pretexto pode ser um bom início de conversa. Por enquanto, estamos tentando iniciar. Para o encontro do próximo sábado, vislumbra-se a adesão de André e de Barreto. Esperemos que mais gente venha engrossar a sopa..
Dôra (em 16 de junho de 2004)
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