terça-feira, 4 de outubro de 2011

Ate se puder


Ata referente ao dia um de outubro de 2011.

Você vai rir, mas isto não é uma ata. É só uma maneira nada deslumbrada de defender que não canso de desmentí-las e de que nunca quis fazer atas, e que estes nós com que amarro uma prosa não ajuda muito a falácia de que os encontros do Clube também não são encontros, mas vai-e-vém de eletrons ou polens ou qualquer coisa - cambiante análise combinatória em que pessoas se comportam como se não estivessem. Mas estão. Ao menos a parte física e a sensação de que há shopping ao redor delas, existe.

Não vou conseguir provar a existência do contista e romancista Betomenezes e seu fôlego pantagruélico por estender imagens como quem estende tapetes, nem vou provar que Eli também o segue nas narrações líricas. É possivel estabelecer uma teoria do barulho, uma dinâmica da escada, uma hermenêutica das praças de alimentação, mas ainda é difícil entender porque não quebramos o pau logo nos primeiros poltergeists do ego, porque somos nerds do conto, porque verossimilhança e vontade de tomar café não se confundem. Não nos conservamos em silêncio, há gritaria e murmúrio, e quando menos esperamos, mais uma resminha de contos pairam em nossas mãos. Aqui registro que um conto da Romarta soluçou, que os parágrafos de Sérgio escalaram degraus de sentido, que F. P pediu S.O.S a Andersen, que Wander contabilizou pancadinhas no teclado, que Jéssica desnudou a Musa e Norma amplificou a página aos letrões.

Nada a dever ficaram Vivi, Cartaxo, Luciana e Dália. O desconhecido é quase nossa última tradição, já dizia o Lezama. Não vejo motivos, é verdade, para rir, mas insisto em afirmar, com todos os gerúndios que eu estiver conseguindo fazer, que há muito tempo decidi que atas são nocivas, que nunca se devem pegar trens em movimentos, que corujas quando morrem são silenciosas. Também o Clube, sede da inexistência, fica bem localizado se não for onde está – é a grita constante dos seus membros. E mais digo: não aceitamos comércio de contos, todos são dados como benesses ou oferendas por uma seita clandestina onde os integrantes vociveram por aí que contar é a melhor maneira de mentir sem fingimento. Fica portanto, por último, que não vamos escrever sobre polens, que temos filiais em Calcutá e Reikijavik e que aceitamos zumbis como contistas. Tenho não dito.

André Ricardo Aguiar

4 comentários:

Alfredo Alves Albuquerque disse...

Obra de arte.

André disse...

Nada, meu caro, é só obra de ata...rs

Wander Shirukaya disse...

Só lembraram da minha revisão, nao do conto. rs.
Já q qm ta na fama deita na cama:onde se lê "vociveram" nao seria "vociferam"?

As atas tao umas melhores q as outras.

André disse...

Correto o seu Wander. Vociferam sim...Corrige aí, Lobo Lau...rs