

Pra quem não conhece, as Atas do Clube do Conto foram nossas primeiras publicações, datadas da época de 2005 a 2006, feitas com o intuito de divulgar nossa produção literária. Todos os exemplares foram editados por Geraldo Maciel, o Barreto.


O velho e bom xadrez e as peças desbotadas. Peões avançam na casa do conto. Rainha treme nas bases. Ninguém nota, mas aquela mesa com um tabuleiro e táticas de guerra é o cenário do Clube do Conto. Até porque, escrever um conto tem muito de jogo. Armamos ciladas, trapaças, reviravoltas. Tudo o que a arte de Capablanca tem. Começamos umas partidas depois que voltei da casa da rainha, ops, Valéria. Já a postos a nova Mayara, Joedson – que faz o soneto melhor que a emenda – e Beto. Logo a seguir, Ronaldo é resgatado do café (cavalo à esquerda da torre) e estamos com Laudelino, que completa um lance. Romarta pula duas casas e anuncia captura de contos. São lidos contos e trechos de romances em grandes diagonais. Beto anunciou para daqui a quatro capítulos o xeque-mate do sarau. Houve também lances de açaí. Houve conversas de todo o tipo, a título de abertura. E no mais, os sempre velhos recursos de escolher um tema, o que resultou em: Fábula. E assim termina a ata sem moral.
De primeira, logo que cheguei ao Clube do Conto, me senti como numa festa em que tomei parte antes do anfitrião. Explico: André Ricardo Aguiar, que me convidou para o pleito, se atrasou. Fui recebido por Joedson e Betomenezes, que já me preveniram: “André quando diz que vem se atrasa, quando diz que se atrasa não vem”. Ri do jogo de palavras, primeira surpresa literária da noite, e só então percebi (pra ficar na metáfora da festa) que ali o protocolo podia se inverter e convidado chegar antes de convidante e surpresa ser entregue antes de se cortar o bolo. Este veio cheio de cobertura com o conto de Betomenezes, que repetiu o prato e encorajou Regina a fazer o mesmo. Dôra Limeira e Raoni estavam com um apetite mais moderado. À mesa, de olho grande, Eli, Carlos Cartaxo, Regina Behar, Norma Alves e o meu anfitrião que chegou (atrasado, mas chegou). Eu forrei o bolso pra levar um petisco pra casa: “Até nisso guerras e amor se parecem, num dia começam e noutro terminam. E disso há quem prospere” (trecho do conto de Beto). E por falar em amor e guerra, divergiu-se (afetivamente, é claro), a respeito da próxima antologia do Clube, mas ficou acertado que ao autor da frase citada ficará delegada a sua editoria. Concordou-se também que na terceira semana de maio o Clube realizará um evento inspirado no “Poesia Encenada” do Sesc, na Usina Cultural Energisa. Clubistas devem entregar seus contos a Cartaxo, que os encenará com sua turma de futuros atores da UFPB. Por fim, forrei também o outro buraco da calça e roubei um doce (agora de Dôra): “A saudade que levo não cabe no meu bolso, contratei um caminhão desses que pagam frete”. Até a próxima semana.