quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Atarantado pela ata


Reunião do Clube do Conto da Paraíba, realizada na data de 24 de setembro de 2011. Na noite sem vento e sem chuva, nem calor, nem frio e com a lua escondida no Japão, após as 18 horas, no hall do 1º andar do Shopping Sul.

Estavam presentes, com o firme propósito de fazerem suas defesas do tema “Doença”, os contistas e observadores: Jéssica Mouzinho, que a tudo percebe sem nada lhe escapar do tempo e do espaço. Wander Shirukaya, revisor implacável sempre de plantão. Alcebíades V. Silva, observador dos nossos melhores ângulos fotogênicos para a prosperidade. F. P. Andrade, que nos ofertou com dois contos sobre o tema, “Sonho de um câncer”, surreal e funesto, e “A cicatriz de Bel”, no qual nos revela personagens densos, tal qual o narrador de sexualidade variada, beirando as fronteiras dos sentidos do corpo e da alma. Maria Romarta, com muita sutileza e sensibilidade, retrata e traduz em seu conto “Olhar em preto e branco” o verdadeiro amor canino pelo homem, quando este sofre com uma eparação. Norma Alves trouxe-nos “Competição”, o qual me levou à lembrança do filme Tudo o Que Você Queria Saber Sobre Sexo e Tinha Medo de Perguntar, de Woody Allen, tomando por gente quem ainda é apenas esperma. Bonifácio Segundo e Anna Virginia fizeram importantes observações quanto às correções ortográficas, gramaticais e coerência de nossos textos, poupando o trabalho dos revisores que vivem da função por profissão. Roberto Menezes da Silva (Betomenezes), com o seu “A Beleza da Queda da Beleza”, mais uma vez nos presenteou um texto rico em imagens poéticas de narrativa tortuosa, inspirado no poema “Canto Infante”, de Antonio Mariano. Vale ressaltar que, na opinião de todos, o “remedo” (texto de Betomenezes) sai sempre melhor do que o “soneto” (no caso, o poema de Mariano). E eu, Sérgio Janma, que vos escreve um tanto atazanado essa ata, apresentei a história autobiográfica “A doença que curou outra doença”. Nela constato que uma catarata por mim adquirida curou minha decana miopia.

Acabado o momento de leitura e o conseqüente espaço para feedback, fui fuzilado por Jéssica e Romarta com a ordem: Você vai fazer a ata da reunião. Hein?! Mas eu nem sei os nomes de todos... quis atalhar. Não seja por isso. Passa a lista, todos assinam e... Pronto. Atarantado, tive ataquicardia. Com certeza vou atamancar! Mas atado por esse compromisso, cá estou, ataviando essa ata.

E para por fim aos trabalhos literários da agradável noite, lançou-se uma grande e criativa leva de temas para a reunião do próximo sábado. Foi necessário resolver a parada em dois turnos. Venceu o “pelado(a)”, proposto por Norma Alves. Portanto, para o próximo sábado, dia 01 de outubro, devemos canalizar nosso talento de escribas para desenvolvermos um texto sobre “PELADO (A)”.

PS: Perdoem-me os citados que apresentaram contos e eu os omiti nessa ata. É que cheguei atrasado e... bem, explica mas não justifica, eu sei.

Sérgio Janma

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Maria Romarta (Cartum + Conto)

MARIA ROMARTA nasceu em 09 de Março de 1991, em Santana do Ipanema, cidade do Sertão de Alagoas. Começou a escrever e a compor aos nove anos. Há algum tempo veio morar na Cidade de João pessoa. Faz teatro, é aluna de Comunicação Social - Jornalismo da UFPB e membro do Clube do Conto da Paraíba.

***

QUANDO AS PALAVRAS SOMEM

Quando avistei a porta, olhei por segundos aquele número: 513. Pensei em escapar, descer apressadamente as escadas até que a distância pudesse me consumir, mas, meu coração adiantou-se e fez com que meus pés me pusessem praticamente colado à porta. Senti o cheiro do verniz.

Eu não fugi, não podia, mas também não tive coragem de tocar aquela campainha, me sentia envergonhado, por quê? Eu estava ali não estava? Havia me reorganizado para cumprir com o que devia, não havia?

Bati. A mãe de Thaís atendeu, pediu que eu entrasse, pôs para mim um chá e falou que ele estava dormindo.

- Quer vê-lo? - Perguntou-me.

- Não. Eu quero vê-lo sim, mas agora não, o deixe dormir, depois...

- Tudo bem!

- Daqui a pouco... Sabe?

-Veja bem, como era desejo de Thaís, que o menino te conhecesse e que fosse morar com você, darei também meu consentimento. Mas caso não fosse isto, ele ficaria comigo, só comigo. Então...

- O que ela disse mais?

-Como eu ia dizendo... O menino inicialmente passa o final de semana com você e a semana comigo, até que se acostume com você, se por acaso acostumar. Depois a situação se inverte então ele passa a...

Juro que me senti mal com toda aquela conversa, queria chorar, deixar cair aquela xícara no chão, não por causa do menino, a questão era que eu estava deslocado, me sentia um estranho no mundo, um sem nenhum valor, um tanto faz. Eu queria fazê-la parar de falar, então disse:

- Eu sei, entendi.

E ela calou-se, e se pôs a fitar o chão. Notei que ela lacrimejava. E a entendi, aquele menino era para ela, uma extensão de Thaís e ela não queria perder Thaís pela segunda vez. Mas, e perderia?

Logo, o silêncio feito por nós mostrou-me as fotos de Thaís espalhadas pela sala em porta retratos. Ela estava feliz e linda. Olhando-as, meu mal estar sumiu, mas foi também olhando para elas que tornei a pensar naquilo que me tirava o sono há dias: Por que ela quis me entregar o menino? Para provar que sou orgulhoso? Fazer-me lembrar que eu os abandonei? Ou isto era uma prova de amor e ela sabia que eu seria um ótimo pai? Ora! Thaís, não foi você que pediu para eu ir?

- O que ela disse mais?

- De você? Mais nada.

-Ela falava que não, mas guardava mágoas de mim.

-(...)

- Não era?

- Achava um covarde, infantil!

-Tinha razão...

- Não. Eu que te achava um moleque covarde, cheguei a jurar que você não vinha. Eu vou chamar o garoto, afinal, vocês têm um voo para pegar, não é?

-É sim...

- Ah! Mas olhe ele aí.

O quê? Como assim? Naquele instante meu coração subiu até a garganta!

- Esse moço aí é seu pai. Lembra? Aquele que sua mãe mostrava pela cam.

Ele então veio me abraçar e eu aceitei todo desajeitado e, de emoção, chorei, mansinho, para não assustá-lo. E nem quis imaginar quantas palavras severas ele me diria se soubesse me julgar. E nem quis explicar nada, pois já não havia palavras. E eis a primeira coisa que aprendi dele: Quando as palavras somem, se transformam em abraço.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Ata vampiresca

Ata referente ao dia dez de setembro de 2011.
Vampiro é um ser mitológico ou folclórico que sobrevive alimentando-se da essência vital de criaturas vivas (geralmente sob a forma de sangue), independentemente de ser um morto-vivo ou uma pessoa viva.
~~ Wikipédia ~~
Proteja seu pescoço!

Em noite de lua cheia o Clube do Conto foi invadido por Vampiros. Vampiros dos mais variados tipos e estirpes.

Abrimos nosso caixão com a “Vitrine” de sanguessugas de TV do Wander Shirukaya. E demos boas risadas quando chegou o “Vampiro Banguelo” da Norma Alves, um típico Vampiro brasileiro. E sofrendo das mazelas de uma vida longuíssima, encontramos um “Vampiro no Divã! Hein?!” do Sérgio Janma, esse que estava acompanhado por Marla. O clima ficou mais obscuro e recheado de goticismo com os “Passos na Noite” de Andréia Cravassos. Por fim, “O Caso Bianca” do F.P. Andrade intrigou a todos e deixou alguns leitores curiosos (Jéssica Mouzinho) com a resolução...

Mas, a noite vampiresca não acabou por aí, quem também chegou para apreciar a lua e os pingos de chuva aleatórios, foi a Regina Behar. E logo depois com os “Emigrantes” chegou Maria Romarta.

A dança da chuva com as cadeiras, ensaiada tantas vezes pelo Clube do Conto, inspirou o tema do próximo sábado... CHUVA!

Traga seu guarda-chuva, pois o temporal de contos vai ser grande!

Jéssica Mouzinho

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Jéssica Mouzinho - Sessão de Contos (9)



Pra quem não lembra, a Sessão de Contos é um "programa" do nosso blog que exibe para todos os internautas um dos contos lidos nas reuniões de sábado do Clube.

Nesta semana, exibiremos um conto inédito de Jéssica Mouzinho. Boa leitura!


***

O SILÊNCIO

Ela está sempre ali, com seu olhar sedutor, seu sorriso levemente sombrio. Às vezes sinto que quer dizer algo muito importante, mas se cala e fica a me olhar por longas horas, longos dias. E eu numa reciprocidade ímpar faço o mesmo. Fico dias a fitar sua beleza, seus finos cabelos, seu colo nu. Tento adentrar no canto mais profundo de sua alma para saber o que ela pensa das paredes amarelas de nossa casa, dos móveis de madeira Jatobá e da faxineira Teresa que a olha com susto e incompreensão.

Mas confesso que gosto desse mistério e do som delicioso do silêncio promovido pelo nosso amor. Não vejo sinfonia mais perfeita.

Em noites muito frias, me deito sobre ela pra esquentar seu corpo frio, branco e pálido. Sinto que ela sorri com satisfação e agradecimento. Seus olhos brilham feito os meus. Seu corpo quadrado tem as curvas mais perfeitas que já vi. São noites delirantes de entrega, alegria e calor.

Vivemos em nosso mundo perfeitamente silencioso. Nada importa, nada queremos ter, a não ser um ao outro. Muitos veem com indiferença nossa relação, falam que ela é a criação de um outro que a amou pouco, que é apenas mais uma cópia barata das demais que existem por aí. Mas isso não é verdade, ela é a única e verdadeira. 
Minha!

Minha musa de sorriso nebuloso. Minha Monalisa.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Álbum de fotos (do fundo do baú)

Revirando os arquivos virtuais do Clube, nos deparamos com algumas fotos antigas e empoeiradas. Segue algumas para nos recordarmos das situações vivenciadas.

No dia em que a associação de moradores estava fechada.

Na associação.

Por onde anda o nosso cartaz?

Dôra e Beto na biblioteca.

Na época em que as reuniões ocorriam na biblioteca.

No quintal do Shopping Sul (por trás da livraria).


quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Regina Lopes (Cartum + Conto)

REGINA LOPES MACIEL é mineira, tem 51 anos, formada em medicina, mas há muito tempo fez a opção por exercer diversas atividades artísticas: canto, teatro, escrita, paisagismo, desenho e bordado. Escreve desde 1999 e atualmente mora em João Pessoa, onde faz parte do Clube do Conto da Paraíba.

***

CAMINHO

Já era tempo de subir o rio. Eu estava madura, no entanto, inexperiente: era a minha primeira vez. Despedi-me dos mais jovens e juntei-me ao grupo adulto feminino, com o qual aprenderia todos os rituais da viagem.

Durante os preparativos, tudo era festa e ríamos à toa: os salpicos da chuva nos provocavam cócegas, os pequenos girinos, que faziam a corte aos nossos pés, pareciam zonzos e desorientados, os seixos massageavam nossos corpos e nós nos deleitávamos com aquelas sensações.  O grupo masculino olhava de longe, pensavam que ríamos deles e, um pouco emburrados - acho até que enciumados com nossa alegria - faziam as provisões necessárias. 

Em janeiro, o rio estava suficientemente cheio para a partida e todos nós, prontos para a viagem.

No início da jornada ainda se pode conversar, trocar ideias, falar dos planos e sonhos futuros. Mas aos poucos, toda a energia precisa ser economizada e toda a atenção dirigida ao rumo a ser tomado. A resistência da água é forte, o percurso extenuante e há uma imensidão que não se sabe onde vai dar.  Surgem imprevistos como barragens enormes a serem transpostas e trechos extremamente poluídos.  Vez ou outra alguém desaparece do campo de visão e não há  como saber se  foi pego por alguma correnteza mais forte, se achou uma passagem de mais fácil acesso, se desistiu e voltou atrás ou, até mesmo, se morreu.

Por fim, chegamos à nascente do rio e ali fizemos o que tínhamos que fazer: desovamos.

Hoje, que refiz este percurso diversas vezes, ainda não posso compreender porque a placa, afixada na primeira curva do rio, alerta-nos para não se nadar contra a correnteza. Nadamos sempre contra a correnteza, e este é o nosso caminho. 

domingo, 4 de setembro de 2011

Fotos do Clube - reunião do dia 3/9/2011

Reunião com muita ventania, contos, contistas e fotos, as quais foram tiradas por Laudelino, Eli e Betomenezes.

Betomenezes e Eli.

Félix chegando na reunião.

Jéssica, Alcebíades, Clarilene e Sérgio.

Wander, Laudelino, Andreia e F.P. Andrade.

F.P. Andrade, Félix, Norma e Jéssica.

Sérgio, Cartaxo e amiga, Betomenezes.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Ata nada poética

Ata referente a reunião do dia 27 de agosto de 2011.

Estiveram presentes: Dôra*, Norma*, Cartaxo¹, Regina Behar, Jéssica Mouzinho**, Alcebíades, Romarta***, F. P. Andrade, Laudelino e Wander****.

* levou um conto.
** levou 2 contos.
*** chegou com um certo atraso, mas levou um conto.
**** chegou com um certo atraso e não levou conto.
¹ não levou conto, porém narrou suas aventuras na África.

Dôra chegou a falar que foi um sábado muito poético, pois a maioria dos contos estavam recheado de versos camuflados, diferente desta ata, que chegou seca e sem rima, dizendo apenas quem esteve presente e levou conto.

Antes de encerrar este relato, vale ressaltar que numa disputa bastante acirrada entre: vênus, partida e cortinas, ficou decidido que o tema do próximo sábado é VÊNUS, seja o planeta ou camisa de.

E tenho dito.

Laudelino