segunda-feira, 29 de junho de 2009

Ata do dia 27 de junho

Cheguei por volta das 16:30 e ainda nem sinal de vivente ou retirante. Depois de escolher mesinha, fiquei de tocaia. A primeira que chegou, a falar que estava com saudades de ouvir contos, foi Gláucia. Conversamos sobre os projetos em andamento, pedimos cerveja e comentamos que ali estava um deserto de histórias, quando, do nada, surgem Bonifácio e Vivi. Com mais um tempinho, André Dias, e com conto sem título. Começamos a ler, eu e meu xará. Depois de quase tudo terminado, por último, vem Cartaxo. A conversa se estende para outras vias, inclusive teatro, quando já é noite escura e ainda tem gente nova com medo de bicho-papão. Com os temas ainda válidos, maconha, revista...seguimos viagem. Esta é a ata instantânea com o oferecimento dos Sabãos Suvakeira. (Não passe vergonha, passe sabão suvakeira).

André

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Participe das reuniões

As reuniões do Clube do Conto acontecem no Bar & Restaurante Coelho´s (no bairro dos Bancários - próximo ao Carrefour e ao posto Texaco), todos os sábados, a partir das 16h.


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sábado, 6 de junho de 2009

Autores da Semana (4)

Semanalmente, ou quinzenalmente, ou, no máximo, mensalmente, publicaremos contos dos participantes do Clube do Conto. Nesta edição número quatro: Ronaldo Monte.

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RONALDO MONTE

Nasceu em 1947, em Maceió, Alagoas. Com onze anos de idade foi aprender a viver no Recife. Mora em João Pessoa desde 1978, o que o faz paraibano por opção e tempo de serviço. Além de poeta e escritor, é psicanalista e professor, com Doutorado em Teoria Psicanalítica pela UFRJ. É autor de crônicas e ensaios publicados em jornais de João Pessoa. e mantém um blog (blog-do-rona.blogspot.com).

Publicou:
- Pelo canto dos olhos (poemas), 1983.
- Memória Curta (Contos e crônicas), Editora Universitária – UFPB, 1996.
- Tecelagem noturna, (Poemas), Editora Universitária – UFPB, 2000.
- Pequeno caos (Crônicas), Editora Manufatura, 2003.
- Memória do fogo, (Romance), Editora Objetiva, 2006.
- O lugar da cura – Construção da situação psicanalítica, Editora Universitária – UFPB, 2007.

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OFÍCIO

Quando o marido morreu, ela não sabia o que fazer. Pois depois que casou, ele nunca deixou que ela fizesse nada. Não podia sair, nem pra ver a família. Não podia conversar com ninguém. Até com a empregada velha que cuidava da casa ela não podia falar. Se ele pegasse, ela ia pro quarto de porta trancada a chave. Tudo que ela precisava, ele trazia da rua. Roupa, sapato, remédio. Só servia para a cama. Isso ele dizia que ela fazia bem. Mas só dizia perto do fim, enquanto gozava. Depois não tocava no assunto. Por isso, quando ele morreu e ela procurou uma coisa para ganhar a vida, foi só isso que lhe passou pela cabeça.

Daí que pegou uma tampa de caixa de sapato, tirou as bordas, fez dois furos por onde passou um cordão e pendurou na porta da casa. Lia-se em letras redondas escritas com esmalte: fode-se.

O primeiro a passar foi o padeiro. Quando leu o anúncio, empurrou a porta que não estava no trinco. Foi até a cozinha, onde ela esperava. Botou o pacote de pão ma mesa, pegou na mão dela e a conduziu para a cama. Gozou uma vez, gozou duas e três. Levantou-se arfando, vestiu-se às pressas, saiu e trancou a porta, levando a chave no bolso.