Fui numa Lan House da periferia para uma missão importante. Dar conta de uma ata antes que perdesse a memória afetiva (e crítica) dos fatos. Era a terceira vez, depois de minhas leituras de espionagem baratas, que não dou conta dos fatos mais próximos das reuniões secretas do clube, quando me perco tentando montar a seqüência lógica e quântica dos acontecimentos. Temas áridos que não rendem contos se superam e encontram agentes curiosos e disseminadores de linguagens que, até pouco tempo atrás, nem existia (como o miguxês, um primor de tatibitate e byte). A Lan House estava prestes a fechar, e adolescentes cuja orientação sexual não pude discernir, me indicaram que o computador mais velhinho com internet trapaceava no tempo (o que me daria a chance de fazer a ata no modo “arcaico” e ainda tecer digressões a Sterne que me são tão caras – como o fato de sapecar esses pensamentos intercalantes e comentar o quanto gosto de escrever atas enquanto penso em filmes noir e desenhos da Warner).
Lembro, se não me falha o processamento mnemônico, que a possível Tatiana não apareceu – e que o ateiro pode ter sido acometido da vertigem diacrônica onomástica – mal que causa com a combinação abusiva do branco com o sabor das tardes escolares – e que a figura em questão comporta um Ana seguido de um Regina – e queiram tentar unir as duas pontas, pois não ouso dizer nome tão bonito sem perder labiais e linguodentais.
Da reunião, que faria inveja aos cupinchas de Scarface, estavam presentes o melífluo Raoni (de uma tribo de pixels remanescentes) , Alfredo, da máfia fantasiosa oulipense, Valéria, índice de diversidade narrativa guarânica, Barreto, fazendeiro do ar (porque necas de seus contos e quanta saudade disso...) André Dias & Noites, clone ambíguo de outro menos talentoso, Dôra, a inquieta e heroína dos acentos circunflexos e das escatologias, Laudelino, matemático nas horas vagas e uma equação ambulante, Bené, que se inaugura com classe e Beto Menezes, discípulo da velocidade e do quantum. Afora o Guardião, misto de macaco e detrator dos que se ausentaram na/da reunião, quem poderá minimizar o poder e a influência do clube no destino das formigas? Vale salientar (vão fechar a lan house e eu ainda não lanchei e eu não suporto a adolescente ao lado martelando miguxês de alto impacto) que o próximo sábado é histórico para o Clube, que lançará seu bendito livro de contos na Estação Ciência. E (estou sendo expulso pelo brutamontes da lan house, tento jogar com frio desespero meus caraminguás de centavos para concluir duas ou três frases sobre o próximo tema que é............ ......... ....
Ata referente ao dia 7 de março de 2009.
3 comentários:
Ficou um tom de mistério quanto ao tema da próxima semana. Pois bem, próxima semana não terá tema, mas o tema escolhido é válido para reunião do dia 21/03 (no retorno a Escola Aruanda). O tema é: malas trocadas.
André, você está virando um expert em atas. Fazer ata de reunião tresloucada deve ser difícil. E você consegue com esmero. Que ata arretada.
Parabéns.
Dôra
Dôra e demais. Faço da ata apenas um jeito de esticar o sábado de alguma coisa...porque na minha vida o sábado é o dia mais alegre que tenho. Adoro todos e espero que o ridículo de minhas atas ainda rendam feedbacks tão bons quanto os seus. Beijo!
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