domingo, 20 de novembro de 2011

Atinha de vinho

Ata referente ao dia 19 de novembro de 2011.

A nossa reunião se resumiu a três pessoas, cinco cadeiras, dois contos, alguns telefonemas e umas conversas. O conto de Norma vinho, o de Romarta veio e o de Laudelino vinha, mas não chegou. Ainda houve tempo pra discutirmos um cadinho sobre publicações literárias e, no meio dessas elucubrações, esquecemos de definir o tema da semana que vem, sendo assim, fica mantido o mesmo: vinho.

Lembrando a todos que excepcionalmente no próximo sábado, 25/11/2011, o Clube se reunirá na Usina Cultural Energisa, a partir das 17h, para prestigiar o lançamento do livro do contoclubista Betomenezes e ler alguns contos.

Laudelino Menezes

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

ATA EM UM ATO

Ata referente ao dia 12 de novembro de 2011.

Pequena esplanada. Noite. Vento nem gelado, nem frio, nem quente. Algumas cadeiras, nenhuma mesa. Entra e sai um guarda. Um olhar de desconfiança fica. Então, pelo lado esquerdo, chegam o Sr. Wander, o Sr. Beto, o Sr André.

Sr. Wander – Eu queria corrigir, se me permitem...
Sr. André – Não, não permitimos.
Sr. Beto – Não começamos a ler nada ainda.
Sr. Wander – Desconfio que seu tom de censura já mereça uma correção...

Há um profundo som em surdina. Músicos, ao longe, pensam em ocupar o vazio com música.

Duas horas se passam. Chegada do Sr. Sérgio, da Srta Jéssica, da Sra Norma.
Sra Norma – Ele não desiste.
Sr Sérgio – Quem?
Sra Norma – O meu conto, está fazendo cócegas na minha mão.
Srta  Jéssica – É contagioso?

Estrondos vindo da praça da alimentação. Sinal dos tempos. Tocam Raul.

Sr Beto – Faltar-me-á a sensação insana de que a qualquer momento, seremos menos que 1.
Sr. Wander – Não me agrada esta mesóclise pouco antes da leitura do meu conto. Me desconcentra.
Sr. André – Posso folhear a Veja enquanto isso?

A esplanada vai abaixo. Houve um atentado a bomba impedindo a continuação da maçonaria contística. Evidentemente, que para efeito de ata, foram retirados dos escombros dos contos os seguintes autores: Sérgio, Jéssica, Norma, André, Beto e Wander. Perda irrecuperável no mundo do conto. Há previsão de necrológio seguido de antologia. E brindarão ao tema escolhido pouco antes da bomba: Vinho.

André Ricardo Aguiar

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Dôra Limeira - Sessão de Contos (12)


A Sessão de Contos é um "programa" do nosso blog que exibe para todos os internautas um dos contos lidos nas reuniões de sábado do Clube.

Nesta semana, um conto de Dôra Limeira. Boa leitura!


* * *

EU QUERO COMER BRIGADEIRO

Preto, traje roto, sandálias de dedo, ele morava num aglomerado habitacional de taipa, na periferia. Era menino ainda, mas suspeitaram que fosse bandido. Seu corpo amiúde fazia mogangas sobre um monte de barro, no arruado onde morava, equilibrando-se com agilidade. Brincava de ser cristo redentor, braços esticados, mãos estendidas sobre um corcovado de brasilites e isopores rasgados. Vadiava sob os aplausos da meninada e dos adultos desocupados. De tanto repetir a brincadeira, ganhou um apelido: “Cristo Redentor”, Cristim na intimidade. Era franzino, comprido e não tinha medo de nada. Nos horários da escola, ora estendia seus braços em cruz sobre o arruado, ora se postava junto aos semáforos. Fazia malabarismos e virava cambalhotas diante dos carros parados no sinal vermelho. Comia fogo, canivetes, tesouras. Assim, ganhava uns trocados e entregava, em casa, à sua mãe que também tinha apelido – Dona Maria de Cristim. Um dia, final de tarde, parou junto à vitrine de uma lanchonete. Foi quando suspeitaram que fosse bandido. Imóvel, avistou os doces e brigadeiros, bolos confeitados, empadas e pastéis. As glândulas salivaram. Com a fome nos olhos e a boca babando, Cristim apalpou os bolsos rasos da bermuda. Ouviu o tilintar das moedas que arrecadara comendo tesouras no último semáforo. Retirou as moedas do bolso e pensou eu quero comer brigadeiro. Mas não houve tempo. Um jato de sangue jorrou-lhe das entranhas e as moedas tilintaram no chão. Rolaram ladeira abaixo, alegres. Para Cristim, já não valiam nada. Seu corpo deu entrada no IML, sem sinais especiais que o identificassem, sem dono. Serviu de exemplo nos noticiários de televisão. O rosto morto foi capa de revista policial. Tarjas pretas cobriram-lhe os olhos desbotados, envergonhados. Cristo Redentor era menor de idade, um menino ainda, mas pensaram que fosse bandido. Em casa, sua mãe esperou a noite inteira. Volta para casa, Cristim, pensava. E chorava feito uma pietá. Dona Maria não sabia que, rígido e frio, Cristo jazia numa gaveta de frigorífico, sem túnica. 

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Fotos do Clube + mini Ata - 05/11/2011

No dia 5 de novembro de 2011, estiveram presentes: Maria Valéria¹, Wander, Maria Romarta¹, Thiago¹, Jéssica Mouzinho², Laudelino, Norma², Cartaxo¹, Sérgio¹, Vivi Rezende, André Ricardo Aguiar. Foram lidos contos nos temas: EX, casamento e sem tema.

¹ significa que levou um conto.
² quer dizer que levou dois contos.

Fotos da última reunião. Descrição da esquerda pra direita.

Thiago, Norma, Cartaxo.

Wander, Jéssica, Vivi, Valéria.

Valéria, Sérgio, Romarta, Thiago, Norma.

Valéria, André, Laudelino.

Fim da reunião.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Jéssica Mouzinho - Sessão de Contos (11)



A Sessão de Contos é um "programa" do nosso blog que exibe para todos os internautas um dos contos lidos nas reuniões de sábado do Clube.

Nesta semana, exibiremos mais um conto inédito de Jéssica Mouzinho. Boa leitura!

* * *


O CAFÉ

Era um pecado. Um pecado que só poderia ser

perdoado se houvesse uma grande desculpa. E

essa desculpa se chamava Café.

“Vamos tomar um café?”

O cenário do pecado era o verão de 40° do Rio

de Janeiro. Ela de short curto e ele de camisa regata

e chinelo. Chegando lá, o café estava em tulipas

e com muita cevada. Depois de todo o efeito da

cafeína apropriada, o pecado aconteceu.

Depois desse dia, eles ficaram descarados... E a

pergunta era:

“Vamos tomar uma cervejinha?”