Pequena esplanada. Noite. Vento nem gelado, nem frio, nem quente. Algumas cadeiras, nenhuma mesa. Entra e sai um guarda. Um olhar de desconfiança fica. Então, pelo lado esquerdo, chegam o Sr. Wander, o Sr. Beto, o Sr André.
Sr. Wander – Eu queria corrigir, se me permitem...
Sr. André – Não, não permitimos.
Sr. Beto – Não começamos a ler nada ainda.
Sr. Wander – Desconfio que seu tom de censura já mereça uma correção...
Há um profundo som em surdina. Músicos, ao longe, pensam em ocupar o vazio com música.
Duas horas se passam. Chegada do Sr. Sérgio, da Srta Jéssica, da Sra Norma.
Sra Norma – Ele não desiste.
Sr Sérgio – Quem?
Sra Norma – O meu conto, está fazendo cócegas na minha mão.
Srta Jéssica – É contagioso?
Estrondos vindo da praça da alimentação. Sinal dos tempos. Tocam Raul.
Sr. Wander – Não me agrada esta mesóclise pouco antes da leitura do meu conto. Me desconcentra.
Sr. André – Posso folhear a Veja enquanto isso?
A esplanada vai abaixo. Houve um atentado a bomba impedindo a continuação da maçonaria contística. Evidentemente, que para efeito de ata, foram retirados dos escombros dos contos os seguintes autores: Sérgio, Jéssica, Norma, André, Beto e Wander. Perda irrecuperável no mundo do conto. Há previsão de necrológio seguido de antologia. E brindarão ao tema escolhido pouco antes da bomba: Vinho.
André Ricardo Aguiar
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